A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) causou polêmica e um início de mal-estar nesta quinta-feira, 13, com os integrantes da bancada mineira na Câmara dos Deputados. Durante reunião da comissão geral que discute o rompimento da barragem I da mina de Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, ela alfinetou os colegas ao dizer que alguns parlamentares do Estado querem fazer parte da CPI das Mineradoras para “aparecer”. Em fala no plenário, ela ainda citou que há políticos mineiros interessados em “jogar contra” a comissão. 

Joice tomou a palavra logo após o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) ter argumentado que a presidência e a relatoria da comissão deveriam ficar com deputados do Estado.

“A bancada de Minas vai trabalhar conosco, sim, mas a CPI não é festa, não pode ser palanque, é uma comissão que tem poder de polícia. Não é brincadeira, não é disputa por protagonismo, não. O povo de Minas me dizia com medo que outras barragens podem desabar. Onde estava Fábio Ramalho quando a barragem de Mariana se rompeu? Por que não teve CPI lá?”, questionou a paulista.

Ela prosseguiu, disparando contra os colegas. “Sei que temos deputados muito bem-intencionados em Minas, mas também sei que tem muita gente financiada por mineradora ou com relações estreitas com elas. Que passeiam em helicóptero de diretores, muita gente que quer defender ex-governador, porque isso vai explodir no colo do Pimentel”, concluiu. 

Após o trato, Joice passou quase dez minutos em conversa, no próprio plenário, com o novo coordenador da bancada mineira no Congresso, deputado Diego Andrade (PSD-MG). Outros parlamentares do Estado também se aproximaram da roda. Já Fabio Ramalho, que havia deixado o plenário, voltou para responder à deputada.

“Em 2015, eu estive junto com outros deputados. Não devo nada a nenhuma mineradora. Joice não conhece meu trabalho nem meu trabalho na defesa de Minas. Ela chegou aqui agora”, disse, recebendo o apoio de colegas. Em conversa com a coluna, Ramalho justificou que foram feitos projetos e ações após a barragem de Mariana, mas que não foram para votação em plenário, o que não dependia dele ou da bancada. 

Ele ainda voltou a rebater a fala de Joice. “Ela está completamente equivocada. Não conhece os assuntos da Casa. Ela quer fazer um palanque pessoal em cima destas mortes, em cima desta CPI. A dor do mineiro tem que ser respeitada. A CPI tem que ser composta por todos, mas tem que ser presidida e relatada por um mineiro justamente por isso”, argumentou.

A deputada Margarida Salomão (PT-MG) também retrucou as falas de Joice Hasselmann. “Ela está completamente equivocada e fez uma declaração infeliz. A bancada mineira está mobilizada conjuntamente por conta da barragem, não tem nada a ver com questões partidárias”.

Ao todo, estima-se que a CPI deva ter de 30 a 36 membros. Algumas siglas estudam se devem indicar parlamentares que já tiveram algum tipo de relação com mineradores, para evitar o que chamam de “insinuações” ou intimidação.