Mais uma vez, Romeu Zema (Novo) causou furor e desagrado na bancada mineira por conta de declarações polêmicas. Em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, no último fim de semana, o governador de Minas Gerais disse acreditar que a classe política “bate” no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) porque perdeu privilégios. Os parlamentares apontaram excessos nessa e em outras falas do chefe do Executivo.
Eles lembram que Zema se transformou em político logo que se colocou como candidato ao governo do Estado e lamentam o fato de que ele insista em seguir o roteiro dos marqueteiros da campanha, em que “demoniza” os políticos apesar de pertencer à classe política. Um parlamentar ainda destacou que o fato de o governador querer deixar claro que quer distância da política afeta consequentemente a sua atuação como liderança.
Pouco visto em Brasília, ele praticamente não participa de reuniões com os deputados federais para articular recursos. O Estado tem a segunda maior bancada da Câmara, com 53 parlamentares. E, enquanto há essa negação em articular com o grupo, São Paulo e Rio de Janeiro ganham cada vez mais protagonismo nas decisões nacionais.
Um líder salienta ainda que, mesmo sem participar de nenhuma decisão ou negociação do governo de Minas, a bancada em Brasília sempre tem o ajudado de “bom grado”. Mas, cada vez mais, ressaltam que vão separar o que foi feito por esforço dos mineiros na capital federal e o que é obra da administração estadual.
Bolsonaro
E o fato de Zema não ter assinado duas cartas juntamente com outros governadores em que eles fazem críticas a postura de Bolsonaro em meio à pandemia do novo coronavírus, para tentar ter mais espaço juntamente ao presidente é vista como “desespero”. Isso porque, na visão dos parlamentares, ele tem forçado uma aproximação com Bolsonaro, sem diálogo com a bancada, repetindo em Minas seu discurso pela flexibilização das medidas de isolamento.
Em Minas
Na Assembleia de Minas, o desempenho político se repete. As derrotas nas votações se sucedem com mudanças expressivas até mesmo em projetos simples. Além da falta de articulação e diálogo, Zema já substituiu três vezes seus secretários de governo, responsáveis pela articulação com os deputados estaduais.
Assumir responsabilidades
Diante disso, os parlamentares de Minas são taxativos em avaliar que está na hora de o governador assumir suas responsabilidades e parar de culpar a política por aquilo que não dá certo.
No Planalto
Enquanto isso, no Palácio do Planalto as declarações do chefe do Executivo mineiro também não caíram bem. A tentativa de Zema de defender Bolsonaro esbarrou no fato de que o próprio presidente está, neste momento, se reaproximando dos políticos no Parlamento. Por isso, não é de interesse dele criar indisposição com a classe.