O incômodo do presidente Jair Bolsonaro com a ascensão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em meio a pandemia do novo coronavírus, vai além dos fatos de ele não gostar de dividir holofotes e o ministro não adotar o discurso de que é preciso que o país volte à normalidade.
O comentário é de que o Palácio do Planalto está preocupado com o papel de protagonismo que tem sido dado o chamado centrão, em especial o Democratas. Isso porque Mandetta pertence ao partido que detém a presidência da Câmara, com Rodrigo Maia (RJ), e o comando do Senado, com Davi Alcolumbre (AP).
Uma das avaliações é de que, mesmo indiretamente, essa crise tem dado poder político ao DEM. Dentro do partido, inclusive, já há quem aposte que o capital político do ministro tem crescido de tal modo que, em 2022, vai ter papel de destaque nas eleições, o que também pode ser lido como disputa para cargo Executivo.
“De toda maneira, ele sai dessa crise com uma imagem boa. Se ele conseguir que a pandemia seja minimizada mais rapidamente no país, vai sair como salvador. Já se ele não conseguir, a culpa não vai ser dele, mas sim do presidente que tem batido cabeça com as autoridades da saúde”, resumiu uma fonte.
O ministro mantém a postura de que o isolamento social é necessário para frear a propagação da doença no Brasil, enquanto que Bolsonaro defende que somente quem faz parte do grupo de risco precisa ficar isolado.