A reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Regina Goulart Almeida, disse, nesta terça-feira (17), que o papel do Memorial da Anistia Política do Brasil, em Belo Horizonte, é muito importante para a sociedade e que a instituição seguiu à risca as determinações do Ministério da Justiça, que financiou a obra. A execução da obra cabia à instituição de ensino.
“Ele (o memorial) foi pensado justamente para atender uma demanda que é internacional em relação a isso, mas a UFMG sempre agiu no interesse público estrito e fazendo uma ação que diz respeito ao trabalho do Ministério da Justiça à época. Então, nós seguimos à risca as determinações do ministério, sempre com todo respeito, com toda cautela e com toda responsabilidade que diz respeito a uma instituição pública como a UFMG”, afirmou à coluna Minas na Esplanada.
Essa é a primeira vez que a reitora fala sobre o tema. Ela esteve em Brasília para participar de uma audiência no Senado sobre o programa Future-se do governo federal.
As obras do memorial foram canceladas em agosto pela União. O projeto inacabado custou R$ 28 milhões, quase seis vezes mais que a estimativa inicial, de R$ 5 milhões. Na última semana, a Polícia Federal (PF) indiciou 11 pessoas por irregularidades no projeto de implantação do memorial.
Segundo a reitora, a instituição está colaborando com o que é necessário nas investigações, uma vez que o foco é o interesse público. “Estamos à disposição e queremos todos os esclarecimentos possíveis com objetividade, com dignidade e com o respeito ao papel da UFMG com esse patrimônio do nosso Estado e país”, disse.
Questionada se é um desejo da universidade que as obras continuem e sejam concluídas, Sandra Regina afirmou que cabe ao governo federal decidir, mas ressaltou a importância do memorial.
“A UFMG realmente tem um histórico de compreensão nesse sentido, tem pesquisas importantes nessas áreas, ela foi um local de resistência muito importante durante a década de 1960. Então, na época e agora também o entendimento da UFMG é que esse é um monumento de respeito, de importância para a nossa sociedade”, declarou.
Polêmica
A reitora preferiu não comentar o posicionamento da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, sobre o memorial. Questionada pelo Ministério Público Federal (MPF) sobre o motivo para paralisar a construção, ela afirmou que anistia significa esquecimento e, por isso, o local seria contraditória nos termos.