Após meses de investigação, 36 pessoas, vinculadas a seis empreiteiras, foram denunciadas nesta quinta-feira (11) pelo Ministério Público Federal. É a primeira acusação contra executivos investigados pela Operação Lava Jato.
A partir de agora, executivos ligados às construtoras OAS, Camargo Corrêa, UTC, Mendes Júnior, Engevix e Galvão Engenharia estão acusados formalmente à Justiça, e devem responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Também foram denunciados o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, entre outros investigados. Dos 35 denunciados, 22 estão ligados às empreiteiras.
A procuradoria estima que R$ 286 milhões tenham sido movimentados pelo esquema nos casos analisados até aqui, e vai pedir o ressarcimento de quase R$ 1 bilhão aos denunciados (R$ 971,5 milhões, mais precisamente).
Foram 154 atos de corrupção e 105 atos de lavagem de dinheiro contemplados na denúncia.
"Essas pessoas roubaram o orgulho dos brasileiros", afirmou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que participou da entrevista coletiva em Curitiba.
"O Ministério Público Federal começa a romper com a impunidade de poderosos grupos que têm se articulado contra o interesse do país há muitos anos", disse o procurador Deltan Dallagnol, que ainda sustentou que há indicativos de que o esquema atinge outras obras públicas.
As cinco denúncias apresentadas nesta terça à Justiça dizem respeito aos contratos da área de abastecimento da Petrobras. Novas denúncias devem ser apresentadas nós próximos dias.
As empresas são investigadas sob suspeita de participarem de um esquema de fraudes à licitação e desvio de dinheiro público em obras da Petrobras. Porcentagens de 1% a 5% sobre o valor dos contratos seriam repassadas a diretores da estatal e a agentes políticos, com a intermediação de doleiros como Youssef.
Hoje, 11 executivos permanecem presos preventivamente na sede da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, responsável pelas investigações. Eles só saem mediante decisão judicial favorável, o que até agora não conseguiram.
A maioria deles está detida desde o dia 14 de novembro -quase um mês. As denúncias do MPF foram protocoladas na sede da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, e devem ser apreciadas pelo juiz Sergio Moro, responsável pelo caso.
Caberá a Moro decidir se será aberta ação penal contra os acusados. Em caso de início do processo criminal, os suspeitos passarão à condição de réus.
Veja a lista dos 36 executivos denunciados pelo MPF:
Alberto Youssef
Paulo Roberto Costa
Waldomiro de Oliveira
Carlos Alberto Pereira da Costa
João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado
Enivaldo Quadrado
Sérgio Cunha Mendes
Rogério Cunha de Oliveira
Ângelo Alves Mendes
Alberto Elísio Vilaça Gomes
José Humberto Cruvinel Resende
Antonio Carlos Fioravante Brasil Pieruccini
Mário Lúcio de Oliveira
Ricardo Ribeiro Pessôa
João de Teive E Argollo
Sandra Raphael Guimarães
João Ricardo Auler
Eduardo Hermelino Leite
Marcio Andrade Bonilho
Jayme Alves de Oliveira Filho
Adarico Negromonte Filho
José Ademário Pinheiro Filho (vulgo Léo Pinheiro)
Agenor Franklin Magalhães Medeiros
Mateus Coutinho de Sá Oliveira
José Ricardo Nogueira Breghirolli
Fernando Augusto Stremel Andrade
João Alberto Lazzari
Gerson de Mello Almada
Carlos Eduardo Strauch Albero
Newton Prado Junior
Luiz Roberto Pereira
Erton Medeiros Fonseca
Jean Alberto Luscher Castro
Dario de Queiroz Galvão Filho
Eduardo de Queiroz Galvão
Dalton Santos Avancini