Eleições 2022

'O maior problema é para o sigilo', afirma Barroso sobre voto com impressão

Presidente do TSE afirma que impressão trará todos os votos do eleitor e será possível que quem compra votos cruze os dados para conferir

Por Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2021 | 11:18
 
 
 
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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, voltou a afirmar que o voto com impressão é menos seguro do que o voto eletrônico e que há grande preocupação com o sigilo das informações, caso a proposta em discussão no Congresso seja implementada. Ele defendeu o modelo atual das urnas eletrônicas e afirmou que, por meio dos comprovantes nas urnas, será possível cruzar dados e saber em quem o eleitor votou, permitindo a compra de votos. As declarações foram dadas à CNN Brasil.

"(Em 2003) houve um relatório conjunto do TSE com o Senado Federal que identificou um conjunto grande de problemas com o voto impresso que foi aplicado em 6% das urnas. Os problemas foram aumento de filas, aumento dos votos brancos e nulos, aumento da quantidade de casos em que a impressora travou... Quem tem uma impressora sabe como isso é passível de acontecer e aí trava a impressora e vc tem que passar do voto eletrônico para o voto manual e voltar para a velha urna de lona. Se o voto travar no meio da operação do eleitor você fica sabendo em quem ele estava votando", disse, afirmando, porém, que os maiores problemas são outros.

"A ideia do voto impresso é: você temum voto eletrônico, você vota, em seguida aparece na tela toda a composição do seu voto e você bate na tecla para imprimi-lo. Seu voto para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Portanto, sai toda a composição do voto na impressão. De modo que, pedida a recontagem daquela urna, você passa a saber a composição do eleitor. Quem comprou o voto pode ir lá conferir se recebeu o voto da composição inteira e pode combinar com o eleitor de quem ele comprou voto o seguinte: 'Você vota em mim que sou deputado e anula o de deputado estadual'. Vou pedir recontagem e vou conferir se você votou em mim mesmo e fez isso que estou mandando'. Você vai criar um risco de quebra para o sigilo do voto. Mas o maior risco mesmo é transporte, armazenagem e recontagem. Transporte de votos num país que tem roubo de carga. Então, vamos nos preocupar da milícia sumir com o caminhão do voto, do PCC sumir com o caminhão do voto, dos Amigos do Norte sumir com o caminhão do voto. Depois tem que montar a guarda e depois vai ser recontagem manual. Vamos voltar àquela velha mesa apuradora em que a aparecia voto, sumia voto... Vamos voltar no tempo", afirmou.

O presidente do TSE ainda afirmou que os ataques ocorridos ao site do tribunal em 2020 não foram relevantes e que a urna, por não estar ligada à rede, não tem risco de ser hackeada.

"A urna eletrônica brasileira simplesmente não entra em rede. A urna brasileira, a urna eletrônica ela só entra na tomada. Inclusive ela tem uma bateria própria que dura 10 horas. Portanto, mesmo que se consiga com sucesso atacar o sistema do TSE, não há como manipular a eleição, porque a urna nunca entra em rede", concluiu.

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