Balanço negativo

Oposição a Kalil critica gestão da pandemia e transportes e trabalha por CPIs

Vereadores apontam falta de diálogo com o setor empresarial no combate à Covid-19 e ainda querem abrir pelo menos três investigações envolvendo a gestão do ex-prefeito

Por Rômulo Almeida
Publicado em 25 de março de 2022 | 15:41
 
 
 
normal

A renúncia de Alexandre Kalil (PSD) ao cargo de prefeito de Belo Horizonte repercutiu entre os vereadores de oposição na Câmara. Parlamentares ouvidos pela reportagem acreditam no andamento das CPIs que envolvem o ex-chefe do Executivo e fazem um balanço negativo do mandato, principalmente quanto à pandemia e ao setor de transportes.

Além da CPI que pretende investigar indícios de improbidade administrativa de Kalil no favorecimento da primeira-dama, os oposicionistas miram a Secretaria Municipal de Política Urbana e a limpeza da Lagoa da Pampulha. 

O vereador Juliano Lopes (Agir) avalia que as apurações que tramitação na Câmara e envolvem Kalil devem seguir, apesar de nenhuma reunião ter acontecido. 

"A CPI, se realmente for comprovado o que aconteceu em relação a tudo, elas devem continuar andando na Câmara. Até agora não conseguimos nenhuma reunião. Espero que o atual prefeito tenha seu mandato independente, possa se desvincular do ex-prefeito. E que as coisas possam andar principalmente em relação ao transporte público", disse Juliano Lopes.

Na quinta-feira (17), foi entregue à Mesa Diretora da Câmara um requerimento para abertura de uma CPI para apurar a suposta prática de improbidade administrativa por parte de Kalil. Os vereadores veem indícios de que o ex-prefeito teria favorecido o projeto "Movimento Gentileza", coordenado pela primeira-dama Ana Laender.

Wanderley Porto (Patriotas) disse que aguarda uma deliberação da mesa a respeito das comissões de inquérito.

Em entrevista à imprensa no domingo (20), Kalil disse não temer a possibilidade de uma nova CPI e que "quem tem medo de CPI, Ministério Público e Justiça é bandido".

Níkolas Ferreira, que deixou o PRTB para se filiar ao PL, também aposta na continuidade das comissões. "A investigação pode ser feita, muito embora ele não esteja ocupando o cargo, e tomara que a gente consiga continuar nosso trabalho de fiscalização para achar a responsabilização do prefeito não só durante a pandemia, mas todo o governo", diz. 

Gabriel Azevedo (sem partido) lembra que os oposicionistas ainda pretendem abrir duas outras CPIs, mirando Secretaria Municipal de Política Urbana e a limpeza da Lagoa da Pampulha. "Temos que analisar se a ausência da Maria Caldas faz com que haja a necessidade do prosseguimento da CPI. Sobre a Pampulha, nós tivemos um agravamento da situação e, sobretudo, faço força para essa CPI ir a diante", diz.

Balanço.

As críticas dos vereadores de oposição aos mandatos de Kalil se concentram na relação do prefeito com os empresários durante a pandemia e a questão do transporte em BH.

"A gestão da pandemia foi feita de forma precipitada, sem um plano de ação, trouxe um caos para economia da cidade. Na educação, comprometeu o rendimento de uma geração inteira com fechamento das escolas por mais de 400 dias, recorde nacional, tudo para atender interesses políticos escusos", avalia Flávia Borja (Avante).

Juliano Lopes aponta falhas na administração do serviço de transporte público da capital. "Na verdade o prefeito tinha que ter sido caçado, porque qual seguimento de belo horizonte recebeu R$ 220 milhões da prefeitura, como foi no caso das empresas de ônibus? Receberam os R$ 220 milhões, diminuíram as linhas, os ônibus continuam lotados. Então, ele fez uma pedalada fiscal. Não tratou bem o centro da cidade, o centro ficou largado. Não houve uma política social".

Fuad Noman. 

A expectativa geral da oposição em relação ao novo prefeito de BH, Fuad Noman (PSD), é de melhoria do diálogo, como destaca Gabriel Azevedo. "Conversei com ele, e ambos compreendemos que a cidade está acima de qualquer outra questão. Então há uma expectativa de diálogo. E também há uma expectativa para melhorar a relação com o governo", diz.

A mesma opinião é compartilhada pela vereadora Marcela Trópia (Novo). "Espero que Fuad trabalhe por BH, de forma republicana e com diálogo, especialmente com a Câmara Municipal e os cidadãos", diz.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!