Odebrecht

Peru prende receptor de propina

Depois da Colômbia, mais um país sul-americano atua contra esquema da empreiteira


Publicado em 22 de janeiro de 2017 | 03:00
 
 
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LIMA. Depois das implicações da operação Lava Jato gerarem prisões no Brasil e na Colômbia, a polícia peruana deteve ontem um funcionário do governo de Alan García (2006-2011) por supostamente receber subornos da construtora Odebrecht em troca de um contrato, enquanto buscava um vice-ministro da época envolvido no caso.

O primeiro peruano detido na operação de captura de supostos receptores de subornos de empresas brasileiras é Edwin Luyo Barrientos, que presidiu o Comitê de Licitação do Metrô de Lima, obra que finalmente foi concedida à Odebrecht em 2009.

A empresa admitiu o pagamento de propinas para ganhar contratos públicos no Brasil e em vários países da América Latina, no âmbito da Lava Jato.

Segundo o procurador Hamilton Castro, a cargo do caso no Peru, teria sido realizado um pagamento ilegal de mais de US$ 7 milhões (R$ 22 milhões, no câmbio atual) para a concessão da Linha 1 do Metrô de Lima.

“O pagamento teria sido destinado ao ex-vice-ministro (de Comunicações) Jorge Cuba e a Edwin Luyo. Suspeita-se que este montante não tenha sido apenas para os dois funcionários”, detalhou o Ministério Público em sua conta no Twitter.

A primeira detenção ocorre depois que a Odebrecht forneceu informações ao Ministério Público como parte de um acordo. Segundo imagens da América Televisión, Luyo foi detido em sua casa e levado pela polícia. Durante a transferência, ele tentava cobrir o rosto. “Até o momento, as detenções são preliminares”, comentou o presidente do Poder Judiciário, Duberlí Rodríguez, à rádio RPP Noticias.

A polícia judicial informou à AFP que a operação continuaria em outros distritos de Lima em busca de mais envolvidos. Segundo informações divulgadas pela imprensa, o ex-vice-ministro Cuba também foi buscado em sua casa, mas não tinha sido encontrado até o fechamento desta matéria.

No caso do Peru, a Odebrecht reconheceu o pagamento de US$ 29 milhões (R$ 92 milhões) para tomar o controle de obras públicas entre 2005 e 2014, períodos que compreendem os governos de Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala. As autoridades judiciais já têm sob investigação, por suposta lavagem de dinheiro, Humala e sua esposa, Nadine Heredia, que só podem deixar o país com autorização judicial.

Para o juiz Richard Concepción Carhuancho, responsável pelo caso, “o risco de fuga aumentou”, tanto de Humala quanto de sua esposa. A decisão judicial se baseia na existência de autorizações notariais concedidas por Heredia – atualmente funcionária da FAO – nas quais permite a seu marido viajar com seus três filhos, todos menores de idade – para fora do país sem restrições, ou com uma terceira pessoa que ele designe. Em outro documento autorizam a mãe de Heredia a viajar com as crianças.


Leniência

Livre. No Brasil, o acordo de leniência firmado entre a Odebrecht e os procuradores da força-tarefa da Lava Jato prevê que o Ministério Público Federal, na 1ª instância, fará gestões para que a empreiteira consiga o desbloqueio de bens congelados em decorrência das descobertas de corrupção na Petrobras e obtenha o fim das restrições de contrato impostas como
a determinada pela estatal petrolífera.


US$ 184 milhões

Acordo na República Dominicana

BRASÍLIA. A Procuradoria Geral da República Dominicana anunciou ontem um acordo com a Odebrecht em que a empreiteira se compromete a pagar US$ 184 milhões (R$ 583 milhões em valores corrigidos). O valor é o dobro do que a empresa pagou em subornos na República Dominicana entre 2001 e 2014 para conseguir contratos.

De acordo com o Departamento de Justiça norte-americano, a Odebrecht pagou cerca de US$ 92 milhões (R$ 292 milhões) em propina no país. Em contrapartida, teve benefícios contratuais de US$ 163 milhões (R$ 517 milhões).

O procurador Jean Alain Rodríguez afirmou que a investigação não acaba com a inabilitação dos funcionários ou com a sanção econômica à empresa.

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