Nessa reta final da análise sobre as candidaturas à Prefeitura de Belo Horizonte, hoje é dia de falar sobre Cabo Xavier, que é postulante ao cargo pelo Partido da Mulher Brasileira, o PMB. Ele é penúltimo candidato a ser avaliado aqui nesta coluna, que busca apresentar pontos positivos e negativos, estratégias e desafios na campanha.
No caso de Cabo Xavier, apresento como ponto positivo a vinculação da candidatura dele com o tema da segurança pública, que tem ganhado muita importância na sociedade ao longo dos últimos anos. Embora sempre tenha estado presente no cenário eleitoral, isso se ampliou nos últimos e, não por acaso, foi essa a principal pauta da campanha vitoriosa do presidente Jair Bolsonaro em 2018.
Cabo Xavier também tem possibilidade de angariar o voto evangélico e religioso de uma maneira geral, por também ter algum grau de influência nesse grupo do eleitorado. Ele, inclusive, é formado em teologia e, nos últimos dias, tem se reunido com lideranças do setor que, como eu já disse aqui nesse espaço, tem cada vez mais importância no universo do eleitorado da capital. Basta ver quantos vereadores da cidade são ligados a igrejas atualmente.
Aliás, Cabo Xavier tem como meta e possibilidade agregar votos do eleitorado da direita conservadora em Belo Horizonte, no vácuo de problemas enfrentados por outros nomes nesse conjunto da população. Fernando Borja, por exemplo, desistiu de sua candidatura após não conseguir apoio de seu partido, e Bruno Engler tem travado uma guerra com sua legenda para tentar viabilizar a candidatura da forma que gostaria. Isso pode ajudar outros candidatos nesse espectro e, entre eles, está Cabo Xavier.
Em relação a pontos negativos, o primeiro e mais importante é a certa acusação por parte dos adversários de que sua legenda trabalha de forma incoerente na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte. Como explicar que o Partido da Mulher Brasileira escolha um homem como candidato a prefeito e deixe a mulher apenas como vice? É mais curioso ainda considerando-se que, no anúncio de sua candidatura, Cabo Xavier defendia que a mulher não pode ser deixada em segundo plano.
Também pesa contra Cabo Xavier o fato de sua candidatura ter sido viabilizada em meio a uma absoluta confusão e tardiamente. Ele chegou a anunciar uma candidatura pelo PL. O partido, que também era esperado em duas chapas diferentes, negou qualquer acordo e frustrou as expectativas dele. Por isso, ele acabou, na última hora, fazendo um acordo com o PMB para ser candidato. Aproveitou-se da regra de que policiais da ativa podem se filiar no dia do registro de candidatura.
Além do mais, Cabo Xavier não tem tempo de TV, não tem presença relevante nas redes, não tem conhecimento da maior parte da população e, com isso, começa a disputa alguns passos atrás dos demais, o que certamente, em uma campanha curta como essa, faz enorme diferença.