Os políticos brasileiros mostram, na crise causada pelo coronavírus, sua pior face. Enquanto no mundo inteiro há relativa união em torno do tema, como no Chile, onde todos os ex-presidentes vivos estiveram em uma live para discutir o enfrentamento da pandemia, aqui reina o jogo político e a abordagem baixa e vil a respeito dos efeitos do grave problema de saúde pública. Um, em especial, já vem mostrando essa face desde o início da crise: o presidente Jair Bolsonaro, que ontem se superou ao debochar da questão no dia em que o país ultrapassou 1.000 mortes diárias causadas pela Covid-19. O outro, o ex-presidente Lula, mostrou ontem claramente qual a prioridade na cabeça de importantes membros da oposição nesse momento.
No caso de Lula, assustou ver o ex-presidente praticamente comemorando a pandemia por achar que ela servirá para que as pessoas percebessem a importância do Estado. “Ainda bem”, disse ele, que a natureza criou essa pandemia. Ainda bem para seu projeto político, claro, né?
Jair Bolsonaro, por sua vez, em sua cega defesa sobre a cloroquina, que mandou produzir aos montes no Exército mesmo sem comprovação científica, ontem chegou ao campo do deboche claro. "Quem é de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma tubaína", disse. Só ele e seus seguidores mais fanáticos riram disso no dia em que o país se tornava um dos quatro no mundo que chegaram ao milhar diário de mortes.
Também mostra sua pior face o presidente ao trocar ministros da saúde para privilegiar uma visão anticiência e deixar o cargo vago enquanto o país aguarda uma linha comum de atuação.
Também o fazem governadores e secretários pelo país, que travam tal luta política e que se encrencam com denúncias de corrupção nas compras emergenciais relacionadas à pandemia. Por causa disso, o Ministério Público Federal (MPF) investiga ao menos três governos de unidades federativas. O principal caso se dá no Rio de Janeiro, onde um antigo aliado do governador Wilson Witzel já foi preso pela suspeita de falcatruas.
Populismo, deboche e corrupção agravam nossa crise como em nenhum outro lugar do mundo. Mostra no que o país se transformou.