Cai Bezerra ou cai Valeixo?

A operação de ontem que teve como alvo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho dá ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) apenas duas opções: ou tira o cargo de seu líder ou demite o diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Afinal, só há duas conclusões a se tirar: ou havia motivos para a operação, e nesse caso não há como Bezerra continuar representando o Executivo no Senado, ou houve precipitação e espetacularização da Polícia Federal, sendo inevitável a troca do comando do órgão.

É claro que parece mais plausível a primeira hipótese. Tanto que o próprio Fernando Bezerra colocou o cargo à disposição. Afinal, demitir o diretor da PF poderia precipitar também a saída do ministro Sergio Moro, o mais popular e mais importante representante da Esplanada dos Ministérios, e passaria um recado de que a corrupção não apenas é tolerada, mas regiamente protegida no governo atual. Ou alguém acha que a opinião pública no Brasil, nos dias atuais, ia dar razão ao político em vez do policial?

Mas há dois problemas para Bolsonaro se escolher entregar a cabeça de Fernando Bezerra. A primeira é que ele tem sido fundamental na articulação do Executivo no Senado e tem trabalhado duramente por votos para garantir o filho do presidente na Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Não deveria ser, mas a aprovação de Eduardo Bolsonaro é uma prioridade para o chefe do Executivo.

Além do mais, sacrificar Bezerra também tenderia a indispor o presidente com o Senado. Basta ver que Davi Alcolumbre já avisou que pretende ir à Justiça contra a operação de busca e apreensão no gabinete do senador, que atuou em governos anteriores e tem trânsito entre governistas e oposicionistas. Justo agora que a relação com o presidente do Senado melhorou, valeria à pena, politicamente, comprar essa briga? É a resposta que Bolsonaro e seus aliados passarão os próximos dias tentando responder.