A mais nova pesquisa DATATEMPO, divulgada nesta terça-feira (11) em O TEMPO traz um alerta para o governador Romeu Zema (Novo). Embora líder dos levantamentos, com índice de votos estável na estimulada e com chances de vencer no primeiro turno, as quedas na espontânea e na possibilidade de voto devem ser olhadas com atenção, em razão de, geralmente, anteciparem movimentos mais fortes do eleitorado.

A pesquisa espontânea mede a consolidação dos votos, já que obriga o eleitor a dizer o nome do candidato em quem pretende votar sem apresentar uma lista de nomes. Em novembro do ano passado, 30,4% dos mineiros declaravam o voto em Zema assim, na lata. Agora, esse índice caiu para 19,5%. Ao mesmo tempo, os que declararam o voto em Kalil sem precisar de uma lista de candidatos passaram de 4,6% para 8,2%. Com isso, a diferença entre os dois na espontânea caiu de 25,3 pontos percentuais para 11,3 pontos percentuais em apenas cinco meses.

O eleitor pode então perguntar: mas por qual motivo essa diferença não apareceu na pesquisa estimulada, onde a queda de Zema foi bem menor e o índice de Kalil praticamente não saiu do lugar? A estimulada é aquela pesquisa na qual a lista de candidatos é mostrada. Assim, o eleitor que não crava mais o voto em Zema, quando vê a lista escolhe o atual governador. A grande questão é: por qual motivo ele ainda escolhe o governador quando vê a lista? Uma das explicações pode estar no desconhecimento dos outros candidatos. Kalil, por exemplo, não é conhecido por 31,2% dos mineiros. Carlos Viana (PL), por 55%. Como a campanha torna os outros candidatos conhecidos, isso tende a jogar contra o governador.

A disputa tende a embaralhar um pouco mais as coisas, a ponto de a possibilidade de voto em Zema ter recuado de 67% para 62% com um aumento dos eleitores que dizem não conhecer o governador suficientemente. No mesmo período, cresceu de 44,6% para 48,4% a possibilidade de voto em Kalil, caindo de 30,4% para 19,5% o índice dos que dizem que não votariam nele de jeito nenhum. Também no caso de Kalil houve um aumento no desconhecimento, de 23,6% para 31,2%, o que pode ser explicado por essa confusão na cabeça do eleitor na medida que mais candidatos vão aparecendo.

Dito tudo isso, Zema, é claro, continua favorito. Hoje, com chances de vencer no primeiro turno. Para isso não acontecer, além de Kalil melhorar no interior, seria preciso que Carlos Viana (PL) se consolidasse como nome de Bolsonaro, ganhando pontos e diminuindo o número de válidos de Zema. Até aqui isso não aconteceu. O senador tem apenas 4,2%. Mas também é verdade que Bolsonaro ainda não andou de braço dado com ele e, na visita que fez a Minas Gerais, preferiu ficar ao lado de Zema. A postura do presidente pode definir os próximos passos.

Hoje, há quem enxergue em membros do Partido Novo que trabalham mais diretamente na articulação de Zema uma certa soberba. Uma confiança exagerada na vitória em primeiro turno que faz, inclusive, com que a legenda dê pouco valor às alianças, o que gerou o afastamento de alguns partidos do grupo. A queda na espontânea pode servir como aviso de que a eleição não está ganha e que os números gerais da estimulada, em início de processo, não dizem tudo sobre o que acontece em uma campanha. O próprio Zema, na reta final de 2018, descobriu isso com alegria.