BRASÍLIA - O líder do governo Lula (PT) na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE), ligou para o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), na segunda-feira (30) à noite para antecipar que a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressaria com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a derrubada do decreto que aumentou as alíquotas do IOF

Guimarães garantiu, nesta terça-feira (1º), que a movimentação do Palácio do Planalto para recompor o decreto do IOF não é uma afronta ao Congresso e minimizou a indisposição entre governo Lula e Legislativo.

"O esforço que estamos fazendo não é para chamar o país contra o Congresso. Nós não faremos nenhum movimento, como líder do governo, contra o Congresso", afirmou. "Conversei com ele [Hugo Motta] por telefone ontem [segunda-feira] e comuniquei antecipadamente que o governo tinha decidido recorrer ao Supremo. Não recorrer propriamente contra a derrubada do decreto, mas requerer a declaração de constitucionalidade da medida decretada pelo governo", explicou.

Guimarães declarou, ainda, que o Palácio do Planalto mantém uma relação transparente com a presidência da Câmara dos Deputados e recorreu às palavras "lealdade" e "respeito" para classificar a relação da equipe de Lula com Hugo Motta. As afirmações de Guimarães minimizam a derrota sofrida na última quarta-feira (25) quando, em dobradinha, Câmara e Senado aprovaram a derrubada do decreto de Lula que aumentava as alíquotas do IOF. 

A dobradinha entre Hugo e o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e as votações acachapantes colocaram o Planalto em alerta. Os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, não tiveram margem para negociação com Motta e Alcolumbre.

No intento de pôr panos quentes sobre a derrota, Guimarães disse que o gesto do Congresso é normal. Ele, entretanto, admitiu que há, sim, ressentimento diante do ocorrido. "Eu saí daqui no dia da votação de cabeça baixa, chateado, e fui para o Palácio do Planalto encontrar o presidente Lula. Eu, o líder Jaques Wagner [líder do governo no Senado] e a ministra Gleisi Hoffmann. É claro, nós fomos derrotados. E aceitamos", disse. 

"Não vamos incitar contra deputado A ou deputado B. Evidentemente que nós nos ressentimos com os parlamentares de partidos que integram a base do governo e votaram pela derrubada... isso é fato. Mas, é um processo de construção", completou.