Trapalhada de Zema

A troca do secretário de governo no Estado acabou se mostrando atabalhoada e arriscada para o governador Romeu Zema. Se por um lado ao tirar Custódio Mattos o governador aplacou insatisfações de setores mais ideológicos do partido Novo e da cúpula da Assembleia, por outro, a forma como a decisão foi tomada e o vazamento da escolha do substituto colocaram fogo no Legislativo.

O PSDB, em especial, se sentiu traído. E assim, foi por água abaixo toda a pacificação com a legenda que tinha sido trabalhada. Os deputados estaduais do partido bufaram na Assembleia e usaram palavras duras. Na prática, isso tende a fazer com a que a base mais sólida do governo Zema encolha.

Além do mais, pouca gente acredita que o deputado federal Bilac Pinto vai resistir muito tempo, pelos mesmos motivos que levaram à queda de Custódio. Principalmente o fogo amigo que deve sofrer. Já deu pra ver que no partido do governador não há pudores de queimar aliados sem qualquer cerimônia. Por isso não surpreende a fala debochada do deputado Bartô do Novo ontem, festejando a saída do ex-prefeito de Juiz de Fora.

O problema se agrava para Zema pois o incêndio surge no momento em que o governo se prepara para enviar o pacote de recuperação fiscal para a Assembleia, o que deveria acontecer nos próximos 15 dias. Se a troca do secretário foi pensada para desanuviar um pouco o cenário para a chegada da medida, impopular e difícil de ser aprovada, o resultado parece ter sido bastante distinto. Hoje, a chance de o Executivo aprovar o pacote de recuperação é reduzida, para não dizer que está próxima de zero. Bilac Pinto terá um trabalho hercúleo para mudar esse quadro, principalmente considerando que sua indicação agradou à bancada de deputados federais do Estado, quando o foco deveria estar em satisfazer os que estão aqui na Assembleia.