Imagine um casal que, em outros tempos, teve ótima situação financeira e que, rejeitando viver com um novo padrão de vida, começa a sofrer com as intempéries da crise e da má gestão orçamentária. Em certo momento, cheio de dívidas, acha por bem tirar dinheiro da Previdência dos filhos para cobrir parte do buraco. O tempo passa e as dívidas continuam a aumentar. A nova solução encontrada foi pegar um dinheiro que estava guardado no banco para honrar compromissos de um pesado processo que corre na Justiça. Isso também não resolve e, no ano seguinte, o casal passa a ficar também com dinheiro que é de direito de seus sócios em um negócio. Passa a atrasar salários de empregados da casa, fica com dinheiro recolhido para pagar empréstimos consignados, corta o pagamento do condomínio, cuja dívida vai se acumulando, e, por fim, antecipa o recebimento de aluguéis de um apartamento que servia para complementar a renda.
Grosso modo, é o que vem sendo vivenciado por Minas Gerais nos últimos anos. Em vez de enfrentar de forma séria os privilégios e o inchaço da máquina, o Estado recorre, gestão após gestão, a receitas extraordinárias. Não é de hoje.
Já nos tempos dos tucanos, o Estado realizou uma manobra para extinguir um fundo de previdência de servidores e mandar R$ 3 bilhões para o caixa do Estado.
Depois, já nas mãos dos petistas, foram várias as manobras para esconder a situação falimentar do Estado. Primeiro, o Executivo afanou bilhões em recursos de depósitos judiciais. Depois, vendeu a folha de pagamento, descontou valores de empréstimo de consignado em folha sem repassá-los ao banco e, por fim, passou a se apropriar de recursos constitucionalmente de direito dos municípios.
Na gestão do Novo, a estratégia de fechar o buraco com dinheiro extraordinário se mantém. Primeiro, o Estado conseguiu na Justiça o direito de não pagar as parcelas da bilionária dívida com a União. Com isso, os débitos crescem mês a mês. Agora, a nova estratégia é vender parte dos recebíveis que o Estado teria direito até 2032 para honrar o pagamento do funcionalismo. A próxima é vender empresas estatais. Quando não houver mais nada para surrupiar ou vender, qual será o destino de Minas?