Enquanto perde aliados entre os governadores por todo o Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mantém intocado o apoio do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que não apenas evita contestar publicamente o presidente como dá sinais de alinhamento com o presidente na política de incentivar a retomada da atividade econômica e as restrições no isolamento mesmo em meio à pandemia de coronavírus.

A postura de Zema desde o início do governo chama a atenção por promover um rompimento na histórica política de contestação dos governos mineiros em relação ao governo federal. Nos últimos anos, de Itamar que chegou a cercar Furnas com a PM, passando pelos tucanos que eram um contraponto aos governos petistas, chegando a Fernando Pimentel, que se recusou a aceitar as condições do pacote de recuperação fiscal do governo Temer, Minas sempre teve voz dissonante do governo central.

Inclusive, a postura combativa sempre foi apontada como um dos motivos pelos quais Minas passou anos sendo preterida pelo governo federal em investimentos e no atendimento a demandas históricas, como o metrô, a duplicação da BR-381, a renegociação da dívida e o acordo acerca das perdas causadas pela Lei Kandir.

Mas, ao contrário do que pode-se imaginar, mesmo com o alinhamento de Zema ao governo federal, o Estado continua apanhando da União. A verba para o metrô inicialmente apresentada já começa a ter outros destinos, o Ministério da Economia dificulta a entrada do Estado do regime de recuperação fical e passou um pito em Zema após o reajuste ao funcionalismo. Mais: a Advocacia Geral da União (AGU) entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar as liminares que hoje bloqueiam o pagamento da dívida do Estado com o governo federal. Se a União conseguir o que quer, o governo Zema e o Estado de Minas Gerais estarão inviabilizados.

A postura de Zema desagrada a outros governadores e também prefeitos, que começam a reclamar pelos cantos da postura do Estado no enfrentamento ao coronavírus. É um ponto a se preocupar.