Entrevista exclusiva

Secretário de Zema se diz frustrado por falta de verba federal para Minas Gerais

Mateus Simões declarou que vai continuar cobrando repasses para ações emergenciais de enfrentamento às chuvas

Por O TEMPO
Publicado em 19 de janeiro de 2022 | 20:22
 
 
 
normal

O secretário geral de Estado de Minas Gerais, Mateus Simões, revelou nesta quarta-feira (19) que está frustrado com a falta de liberação de dinheiro por parte do governo federal para ajudar os municípios mineiros a recuperar os danos causados pelas chuvas do início do ano e também para prestar assistência à população atingida. Ele concedeu entrevista exclusiva ao quadro Estúdio Aberto, do programa Super N 2ª edição, da rádio Super 91,7 FM.

Além dos R$ 600 milhões em recursos estaduais, o governo de Minas pediu ao governo federal que libere mais R$ 935 milhões para o Estado: R$ 409,5 milhões seriam utilizados na recuperação de vias urbanas, pontes, estradas vicinais e limpeza urbana municipal e os R$ 526 milhões restantes em ações de desenvolvimento social.

Outros secretários de Zema estiveram em Brasília nesta quarta-feira (19). Praticamente simultaneamente à entrevista de Simões, o Ministério da Infraestrutura anunciou R$ 120 milhões para a recuperação das rodovias federais em Minas Gerais, que se somam aos  R$ 30 milhões já liberados ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para obras nas estradas.

Porém, o clima foi de decepção, já que ainda não há previsão que recursos federais sejam repassados aos municípios, principal pleito do governo Zema.

“Até aqui o governo federal não liberou o dinheiro e não posso deixar de marcar a minha frustração. Minas Gerais, pela importância que tem no cenário nacional e pelo desastre que as chuvas representaram aqui, merece uma atenção diferenciada do governo federal”, declarou Mateus Simões à rádio Super 91,7 FM.

“Eu espero que o dinheiro que é devido aos mineiros seja entregue aos mineiros. Minas Gerais é um dos estados que mais arrecada tributos federais e tem que ser socorrida no momento de necessidade”, acrescentou Mateus Simões.

O governo federal liberou até o momento R$ 48 milhões via Ministério do Desenvolvimento Regional para as prefeituras de Minas Gerais. Como comparação, foram liberados R$ 140 milhões para as cidades da Bahia, estado que também foi fortemente afetado pelas chuvas nas últimas semanas.

“Não é adequado imaginar que o suporte tenha sido dado à Bahia e não seja dado à Minas Gerais. Eles precisavam sim, obviamente, do apoio humanitário que foi dado e nós aqui também precisamos porque os nossos municípios estão, especialmente aqueles 150 mais atingidos, em uma situação muito grave que demanda atuação imediata do governo federal em adição aos R$ 600 milhões que pusemos na mesa”, cobrou o secretário.

De acordo com Mateus Simões, o governo Zema tem ajudado às prefeituras, principalmente as menores que não têm o corpo técnico necessário, a realizar os estudos que são pedidos pelo governo federal para que o repasse possa ser solicitado à União. Em alguns casos, segundo ele, o próprio governo estadual elabora os documentos.

“Estamos fazendo os estudos, ajudando os prefeitos, mas a cobrança ao governo federal vai se manter nos próximos dias”, afirmou.

A Defesa Civil de Minas Gerais divulgou nesta quarta-feira (19) que 55.250 pessoas estão desalojadas (tiveram que ir para casa de parentes ou amigos) ou desabrigadas (precisaram de abrigo público para habitação temporária) no Estado. São 25 mortos em decorrência das chuvas. O número não contabiliza as dez mortes pelo desabamento de uma rocha em Capitólio, pois elas ainda estão em investigação. No total, 383 dos 853 municípios mineiros estão em situação de emergência.

Lama tóxica

O secretário Mateus Simões também comentou sobre a possível lama tóxica que inundou a casa da população de diversas cidades com o transbordamento do rio Paraopeba. A suspeita de moradores e autoridades é que a água esteja contaminada por rejeitos de minério que foram lançados no rio com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho em 2019.

Segundo o secretário, não há risco de contágio humano no consumo da água fornecida nas casas porque desde o rompimento da estrutura há três anos o sistema do Paraopeba não fornece água potável.

“Mas, há sim lama em várias cidades que precisa ser limpa e examinada. Nós já notificamos todas as mineradoras que têm atividade em rios que tiveram extravasamento com lama nas cidades para que elas façam os estudos da qualidade da água e nos demonstre que a água não está contaminada. E de qualquer forma que promova a limpeza da água, porque mesmo que ela não esteja contaminada, as cidades e os rios não podem ficar sujos por conta da atividade privada”, afirmou.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!