PROPOSTA DE REAJUSTE

Servidores rechaçam proposta de reajuste de 3,62% do governo estadual

Servidores do estado de Minas Gerais chamaram a proposta do governo estadual de irrisória e deputados prometem emendas para tornar o texto mais robusto

Por Mariana Cavalcanti
Publicado em 30 de abril de 2024 | 14:14
 
 
 
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Servidores de Minas Gerais não estão satisfeitos com proposta de reajuste salarial anunciada pelo governo estadual nesta terça-feira (30). O projeto, que deve ser enviado na quinta-feira (2) prevê um reajuste geral de 3,62% para todo o funcionalismo público, o que não cobre a inflação registrada pelo IPCA de 2023, de 4,62%. 

Na visão dos servidores públicos, a proposta é irrisória não só porque não cobre as perdas inflacionárias, mas também porque o governo está propondo um aumento na contribuição previdenciária. Há duas semanas, o governo de Minas Gerais entregou na Assembleia Legislativa dois projetos de lei que prevem mudanças nas regras e os valores de contribuição do Ipsemg e do IPSM (Instituto de Previdência dos Servidores Militares).

Devido à insatisfação, servidores prometem continuar com o calendário de manifestações e mantêm a ameaça de greve. A educação estadual é uma das mais insatisfeitas com a negociação com o governo de Estado e, segundo a diretora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais, Denise Romano, vai continuar reivindicando pelo pagamento do piso salarial da categoria:

“Reajuste de 3,62% é insuficiente, não resolve as reivindicações da educação. Nós estamos perseguindo há muito tempo o piso salarial do profissional nacional, que é o mínimo e que o governo nega o pagamento. Este reajuste não repõe sequer a inflação e as nossas reivindicações permanecem e calendários de mobilização já estão sendo realizados e serão intensificados por conta da política salarial de miséria estabelecida pelo governo do estado nos últimos cinco anos”.

Operação tartaruga

Reunidos na Cidade Administrativa para a terceira manifestação do ano nesta terça-feira (30), servidores da segurança pública também rechaçaram a proposta do governo estadual. Os policiais e bombeiros não descartam, inclusive, uma possível greve, caso as negociações não avancem com o governador Romeu Zema (Novo).

Segundo o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil no Estado de Minas Gerais (Sindipol), os servidores da segurança pública estão há sete anos sem reajuste das perdas inflacionárias, que já chegam a cerca de 41%. 

“A categoria recebeu isso com uma indignação total. Esperava-se que o governo mandasse algo mais robusto, pegando pelo menos a inflação dos últimos três anos. Então, nós vamos tomar as atitudes que tiver que tomar, se a gente precisar de trabalhar com futuras paralisações nas atividades, trabalhar na estrita legalidade, com certeza a categoria vai aderir”, explicou Wemerson Oliveira, presidente do sindicato.

Também conhecida como “operação tartaruga”, a estrita legalidade é a greve feita pelos policiais, que passam a cumprir apenas o básico da lei, tornando o processo mais lento.

Emendas e obstruções 

Deputados da oposição na Assembleia Legislativa de Minas Gerais prometem obstrução aos projetos de lei que prevem aumento na contribuição previdenciárias e afirmam que vão trabalhar em emendas para melhorar a proposta de reajuste. Em conversa com a reportagem, o deputado Cristiano Silveira (PT) confirmou que o bloco vai trabalhar para aprimorar o texto enviado pelo governo estadual:

“Creio que o melhor caminho é aprimorar o projeto e avançar numa melhor proposta. Veja os contrassensos: aumentos abusivos de contribuição de servidor, manutenção de benefícios fiscais bilionários e aumento irrisório para os trabalhadores. Sempre quem paga a conta dos déficits fiscais são os mais pobres”, afirmou. 

Quem também garantiu que irá trabalhar na obstrução dos projetos de lei que prevem aumento da contribuição previdenciária foi o deputado estadual Sargento Rodrigos (PL), que faz parte da base na Assembleia. Apesar do posicionamento do bloco, o deputado vem apoiando as manifestações dos servidores da segurança pública e tomado frente nas críticas ao governador Zema quando se trata do reajuste dos servidores.

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