O Twitter deletou duas publicações feitas na conta do presidente Jair Bolsonaro na noite desse domingo (29), por violação às normas da rede social. Os tuítes foram feitos durante passeio de Bolsonaro a regiões do Distrito Federal pela manhã, na qual conversou com apoiadores e vendedores de rua e defendeu a reabertura do comércio, apesar das orientações de órgãos de saúde.
Na segunda-feira (30), a rede social adotou postura semelhante e tirou do ar dois tuítes do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e um do senador Flávio Bolsonaro, que republicavam vídeo antigo do médico Drauzio Varella. As postagens teriam violado as normas sobre conteúdos enganosos, visto que a gravação era datada de janeiro, mas os tuítes passavam a ideia de ser algo recente.
A plataforma conta agora com medidas que preveem a exclusão de conteúdos que neguem ou distorçam orientações dos órgãos de saúde em relação ao combate e prevenção ao novo coronavírus.
As publicações deletadas pelo Twitter foram feitas na manhã de domingo, enquanto o presidente visitava áreas de Brasília, em descumprimento das normas de se evitar aglomeração de pessoas. Em uma das imagens, o presidente conversava com um vendedor de churrasquinho em Taguatinga, no Distrito Federal.
"Eu tenho conversado com o povo, e eles querem trabalhar. É o que eu tenho falado desde o começo. Vamos tomar cuidado, maior de 65 (anos) fica em casa", disse.
Além de defender a volta da população ao trabalho, o que contraria as orientações do próprio Ministério da Saúde, o presidente da República diz, no vídeo, que um medicamento usado para a malária, produzido no Brasil, "está dando certo em tudo quanto é lugar". A declaração aconteceu no dia em que o governo da Bahia divulgou que o primeiro paciente que morreu no Estado fazia uso de tal medicamento.
Num segundo vídeo apagado pelo Twitter, Bolsonaro aparecia entrando em uma casa de carnes em Sobradinho, também na região metropolitana de Brasília. Ele dizia que "o desemprego tem apavorado as pessoas" e que, sem apresentar de qual estudo tirou tal informação, o país só fica imune ao coronavírus depois que 60% a 70% for infectada.
Apenas um vídeo permanece online, o que mostra o presidente em um comércio em Ceilândia, acompanhado de seguranças e populares.
Procurado pela reportagem na noite desse domingo, o Palácio do Planalto informou que não comentaria a decisão da rede social de excluir o vídeo.
As novas regras do Twitter podem levar à exclusão de publicações que neguem recomendações de autoridades de saúde locais ou globais, que tenham descrição de tratamentos ou medidas de proteção ineficazes, negação de fatos científicos estabelecidos, afirmações em torno da Covid-19 que têm como objetivo manipular o debate, afirmações não verificadas que incitem as pessoas a agir ou causem pânico generalizado, afirmações feitas por pessoas que se passam por funcionário, organização ou governo de saúde, propagação de informações falsas ou enganosas sobre procedimentos de diagnóstico e informações de que grupos específicos ou nacionalidades serão ou não mais ou menos suscetíveis ao coronavírus.