Em um recado contra a tentativa de o governo de Romeu Zema (Novo)  privatizar a Cemig, a Assembleia de Minas (ALMG) recebeu, nesta  quinta-feira (3), deputados estaduais de Goiás para falar qual a situação do Estado após a privatização da Companhia Energética do Estado (Celg). Os parlamentares foram taxativos ao dizer que a possível venda da Cemig não será benéfica para Minas. 

“Se eu fosse governador ou deputado por Minas, trabalharia para que não a vendessem, porque é um patrimônio importante”, disse o deputado Henrique Arantes (PTB-GO), presidente da CPI. Ele explicou que, no primeiro ano após a privatização da Celg (ocorrida em 2017), a tarifa aumentou 17%. “Até então, os maiores reajustes eram de 6%”, comparou.

O parlamentar argumentou ainda que a Cemig pode deixar de investir em assistência social, caso seja desestatizada. “Eles (empresas privadas) têm interesse em lucro. E por conta disso vão aumentar as tarifas. Não vão querer fazer assistência social, como acontece nas empresas do governo”, disse Arantes , explicando que as estatais têm obrigação de aplicar tarifas menores e subsidiar alguns preços.

Integrante da CPI, Alysson Lima (PRB-GO) afirmou que a Enel continua desagradando à população. “Ela continua com índices negativos perante o consumidor. Nossa CPI conseguiu provocar mudanças com relação à fiscalização dos medidores, o que não existia” disse. “A mensagem que queremos deixar para o povo de Minas é que uma empresa como a Cemig, que é superavitária, que o povo mineiro possa defender o máximo possível essa empresa para que ela não seja privatizada”.

A reunião foi um pedido do deputado mineiro Ulysses Gomes (PT). Ele ressaltou que a Cemig ajuda no desenvolvimento de Minas e que não é a venda que vai solucionar os problemas. “O governador vem criando argumento, descaracterizando aquilo que a Cemig é para o Estado. Se tem problemas, é ele, como gestor, indicando presidente, que deve ajudar a Cemig a corrigir os problemas para melhorar”.
 
Vice-líder do governo na ALMG, Guilherme da Cunha (Novo) destacou a necessidade de venda da Cemig. “A Cemig tem carência de investimentos grandes. Precisaria investir R$ 21 bilhões nos próximos quatro anos unicamente para dar conta da demanda que existe hoje de conexões e de geração de energia”, disse, afirmando que a previsão, no entanto, é que a estatal aplique apenas R$ 4 bilhões. “Não vai dar conta de fornecer energia para todos os mineiros, que precisam dessa estrutura para poder trabalhar, produzir, gerar emprego e renda", afirmou. 

O aliado de Zema disse que, apesar de ser superavitária e de investir parte do lucro, os aportes não são suficientes. Ele destacou ainda que qualquer debate sobre a privatização vai passar pelo crivo da ALMG.