Um descuido acabou revelando comentários privados feitos pelo vereador Fernando Borja (Avante), na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), nesta quarta-feira. Em uma conversa com Bim da Ambulância (PSDB) e Catatau (PHS), ele não reparou que os microfones estavam ligados durante um breve intervalo de uma reunião da Comissão de Saúde e Saneamento, e o desabafo com os colegas vazou, em um vídeo disponibilizado no próprio site da Casa. 

No trecho, é possível identificar, na maior parte do tempo, apenas a voz de Borja. Em determinado momento, é audível ele reclamando do advogado Mariel Marra, autor dos processos de cassação do ex-parlamentar Cláudio Duarte e do vereador Wellington Magalhães (DC).

“Ele (Marra) está frequentando a (Igreja Batista da) Lagoinha, tentando virar pastor. O tal do cara que está processando todo mundo está querendo entrar dentro meu reduto, não tem como eu votar nada contra ele. Pensa bem, eu ajudo alguém aqui, e, aí, o que ele pode fazer na minha casa? Tem jeito, não”, desabafou Borja aos colegas. 

Procurado por O TEMPO para comentar a respeito da fala, o parlamentar informou que estaria apenas replicando acusações que sofre dos colegas. “Me acusaram disso, de estar com medo da influência do Mariel e de votar dessa forma (por isso). Apenas repliquei a fala do jeito que me disseram”, explicou o vereador. “Não tenho medo de contrariar ninguém, voto naquilo que acredito e creio, votei todas as últimas vezes pelas aberturas de processo”, completou. 

Borja votou a favor da abertura do processo contra Wellington Magalhães e pela cassação de Cláudio Duarte, ambos processos de autoria de Marra. O parlamentar também votou pela abertura do processo de cassação do vereador Flávio dos Santos (Podemos), que foi arquivado.

Já Mariel Marra afirmou que foi pego de surpresa pela declaração, mas avaliou que, dentro da CMBH, está sendo tratado como candidato para a disputa do ano que vem. “Parece que, na Câmara, já estão me tratando como candidato em 2020, mas a verdade é que nem filiação partidária eu tenho. Tudo que faço desde 2015 nessa área mostra que não estou buscando cargo eletivo, mas sim, exercendo minha cidadania”, explicou o advogado.

Outros assuntos

Durante a conversa privada, antes do retorno da sessão, os vereadores também comentaram a respeito da divulgação da imagem dos parlamentares que votaram contra ou se abstiveram pela abertura do processos de cassação de Flávio dos Santos. 

“Um cara do MBL está divulgando essa imagem”, afirmou um dos vereadores, no vídeo divulgado pela Câmara. Bim da Ambulância está nessa lista, e em matéria publicada por O TEMPO, justificou a ausência por estar resolvendo problemas no gabinete.

Outro assunto em pauta foi a polêmica envolvendo o prefeito Alexandre Kalil (PSD) e o projeto Escola sem Partido, apoiado por vereadores da bancada evangélica. “E o Kalil xingando o Escola sem Partido? Tem que marcar posição agora, eu falo. No campo ideológico, tem que marcar posição...”, disse Borja, antes de ser interrompido por um assessor. 

Respostas

O vereador Bim da Ambulância afirmou que apenas ouviu Fernando Borja contar que sofria pressão dentro da Igreja Batista da Lagoinha. Bim também disse que se queixou de uma reunião da comissão do mês passado, que se iniciou fora do horário. Procurado na noite desta quinta-feira, o vereador Catatau não havia atendido as ligações até o fechamento desta edição. 

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