Os vereadores de Belo Horizonte que já tomaram conhecimento da denúncia apresentada anteontem contra Flávio dos Santos (Podemos) analisam o novo cenário na Câmara Municipal. De acordo com parlamentares ouvidos pela reportagem, a tendência é que Santos seja cassado “no embalo” de Cláudio Duarte (PSL), que já responde por quebra de decoro na Casa.
Ambos os vereadores são acusados da mesma prática criminosa, conhecida como “rachadinha”, que é quando o político exige parte do salário de servidores. A diferença, entretanto, é que o vereador do PSL já ficou preso temporariamente e já foi indiciado por três crimes, enquanto Flávio dos Santos é alvo, no momento, apenas do inquérito em curso, apesar de Polícia Civil e Ministério Público não confirmarem a informação e o andamento das investigações.
Por responderem pela mesma prática criminosa, a tendência é que ambos sejam cassados pelo plenário da Câmara sem muitas dificuldades. “A apreciação em plenário do Flávio dos Santos ‘vai no embalo’ da cassação de Cláudio Duarte. Não faz sentido cassar um e não cassar outro, já que a questão é a mesma: rachadinha”, afirmou o vereador Gabriel Azevedo (PHS).
Já Mateus Simões (Novo), que é relator do processo contra Cláudio Duarte na Casa, afirmou que o fato de Flávio dos Santos transitar melhor na base de governo não pode ser motivo de diferenciação. “Espero que isso não seja relevante. Afinal, se os elementos estão presentes, e basta verificar a veracidade do áudio para isso, não há como defender o que consta da denúncia”, declarou.
Os áudios citados por Simões são os que foram revelados por O TEMPO, em que Santos confessa a prática delituosa como maneira de obter recursos para pagar um acordo com o Ministério Público.
Outro vereador ouvido pela reportagem, mas que preferiu não ser identificado, também entende como similares os casos, mas ressaltou que as decisões em plenário são políticas, dando a entender que Santos pode ter alguns votos a mais que Duarte pela absolvição.
Denúncia vai coincidir com Plano Diretor
Se a presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Nely Aquino (PRTB), verificar a admissibilidade da denúncia junto à Procuradoria da Casa, a tendência é que o texto seja levado a plenário já na primeira sessão de junho, justamente na data em que está prevista a leitura do Plano Diretor da capital.
De acordo com Mateus Simões (Novo), a expectativa é que a denúncia deve ser lida no início da sessão e a proposta que trata sobre o uso e ocupação do solo de Belo Horizonte, no final da reunião.
Apesar da apresentação concomitante, Pedro Patrus (PT) acredita que um projeto não atrapalha o andamento do outro. Parlamentares que integram a base de governo no Legislativo ouvidos pela reportagem também negaram modificações no cronograma.
O Plano Diretor vai ser lido no dia 3 para ser votado dois dias depois pelos vereadores.