O cenário para a eleição municipal de Belo Horizonte no ano que vem começa a se desenhar com articulações entre partidos e pré-candidatos. Ontem, o senador Carlos Viana (Podemos) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) se reuniram em Brasília para, segundo legenda da foto postada pelo senador, ter “uma boa conversa sobre as eleições para a prefeitura de BH em 2024”.
Obrigado pela visita @alexandrekalil. Uma boa conversa sobre as eleições para a prefeitura de BH em 2024. pic.twitter.com/zAiwltXKhH
— Carlos Viana (@carlosaviana) March 1, 2023
O senador, em resposta à reportagem, confirmou que analisa a possibilidade de ser candidato a prefeito de BH em 2024. “Sobre a eleição para BH, eu fui muito bem votado na capital. É natural que eu analise uma candidatura”, afirmou.
As pretensões de Viana e o possível apoio de Kalil também foram confirmadas por uma fonte próxima ao ex-prefeito da capital.
Kalil não pode disputar o cargo já que estava em seu segundo mandato quando renunciou à prefeitura para se candidatar ao governo de Minas em 2022. O ex-prefeito também foi procurado para comentar o encontro e confirmar se apoiaria mesmo uma possível candidatura de Viana à prefeitura, mas não respondeu.
Em 2022, como candidato ao governo de Minas, Viana ficou em terceiro lugar tanto no Estado, como em Belo Horizonte. Na capital, ele recebeu 129.153 votos. Já em 2018, quando se candidatou ao Senado e foi eleito, Viana teve 842.544 em Belo Horizonte.
Ao deixar a prefeitura, Kalil abriu espaço para seu então vice e colega de partido, Fuad Noman (PSD). A relação dos dois se mostrou estremecida quando na eleição para o governo Fuad pouco se empenhou. O atual prefeito chegou a dizer que não tinha tempo para fazer campanha.
Sobre uma pré-candidatura de Viana, a presidente estadual do Podemos, deputada federal Nelly Aquino (Podemos) ponderou. “Ele faz parte dos quadros do partido, é um excelente nome, mas, está cedo para discutirmos eleições municipais”, afirmou. Nely Aquino, quando presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, tornou-se uma das principais adversárias políticas de Kalil.
Aliados
Kalil e Viana foram aliados por bastante tempo. Em 2018, quando Viana se candidatou ao Senado ele era do mesmo partido do então prefeito da capital, o PHS. Na ocasião, Kalil, que estava na PBH, em seu primeiro mandato, atuou diretamente com apoio ao nome de Carlos Viana. Posteriormente, com o fim do PHS, os dois migraram para o PSD.
O anúncio de mudança de partido de Viana foi feito em um almoço na casa de Kalil. Em 2022, os dois se afastaram politicamente. Adversários ao governo de Minas, Viana foi candidato pelo PL concorrendo pelo campo bolsonarista, enquanto Kalil recebeu apoio do presidente Lula e teve como vice na chapa o petista André Quintão (PT).
Projetos
O senador ainda afirmou que a conversa, nesta quarta-feira, com o ex-prefeito não se resumiu a projeções sobre 2024.
“Outro ponto que conversamos é que precisamos dar fim à polarização política. Quem tem de comandar a política em Minas somos nós mineiros. As decisões e lideranças têm de nascer do nosso diálogo. A interferência nacional vamos deixar para outros cargos”, disse.
Viana ainda destacou a relação amistosa com Kalil. “Foi uma boa conversa. Kalil me ajudou muito na eleição para senador e o mínimo que tenho de ter é respeito e gratidão”, concluiu.
Kalil foi derrotado por Romeu Zema (Novo) na corrida pelo governo do Estado em 2022.
Outros quadros
Em contrapartida, o presidente do Partido Liberal em Minas, o ex-deputado Zé Santana, afirmou que “seria uma beleza” ter Nikolas Ferreira (PL), parlamentar mais votado do Brasil, como candidato da sigla no pleito do ano que vem.
A declaração aconteceu durante o quadro Café com Política, do programa Super N1, da Rádio Super.
De acordo com Zé Santana, o PL tem um critério claro: o candidato mais votado na cidade em questão sempre tem prioridade para formar a comissão. Portanto, em tese, Nikolas Ferreira teria preferência de escolha, à frente até mesmo do deputado estadual Bruno Engler (PL), outro cotado para o cargo. Nos bastidores, há quem diga que há um acordo entre Engler e a sigla, já que ele abriu mão do cargo de deputado federal para tentar a reeleição na Assembleia, justamente para não concorrer diretamente com Nikolas.
Gabriel Azevedo (sem partido) busca partido e apoios de outras legendas para construir uma frente para concorrer ao Executivo. O parlamentar está em evidência desde que assumiu a presidência da Câmara e vem lançando pautas-bomba em empreitadas contra a prefeitura, com duas Comissões Parlamentares de Inquérito que visam antigas administrações da capital.
Desenha-se, ainda, uma candidatura do atual prefeito Fuad Noman (PSD). Na terça-feira (28), ele apareceu com ares de pleiteante durante assinatura do contrato de financiamento para o recapeamento de ruas do hipercentro da capital mineira e outras obras com a Caixa Econômica Federal, com valor de R$ 200 milhões.