Operação Murder, Inc.

Viúva de Marielle: ‘Prisões não são o fim de investigação’

A vereadora do Rio Monica Benicio (PSOL) aponta que a motivação do assassinato da ex-esposa e do motorista Anderson Gomes ainda precisa ser esclarecida

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 24 de março de 2024 | 13:52
 
 
 
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A viúva da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), Monica Benicio, afirmou, neste domingo (24/3), que as prisões temporárias do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Domingos Brazão, do deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) e do ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa não são o fim da investigação. Para Monica, a motivação da execução de Marielle ainda precisa ser esclarecida. 

A viúva acredita que terá conclusões assim que tiver acesso ao inquérito da Polícia Federal (PF), da Procuradoria Geral da República (PGR) e do Ministério Público do Rio (MPRJ). “Foi nos deixado claro que quando tivermos acesso aos inquéritos e a todos os documentos que ainda não temos acesso ainda ficaremos sabendo”, afirma Monica, que deu entrevista à imprensa assim que deixou a Superintendência da PF no Rio, onde os irmãos Brazão e Rivaldo estão por ora detidos.   

De acordo com ela, que é vereadora do Rio pelo PSOL, a esperança é que todos os envolvidos, independentemente de qual maneira, sejam responsabilizados. “O que a gente quer não é que só os mandantes sejam identificados, mas que todas as pessoas que tiveram algum tipo de envolvimento no assassinato de Marielle e Anderson, seja em obstrução, atrapalhamento, no mando ou na execução, sejam responsabilizadas no rigor da Lei pelo o que fizeram”, frisa a vereadora.  

Monica, que estava ao lado da viúva de Anderson, Ágatha Arnaus, ainda diz que a suspeita de envolvimento de Rivaldo foi uma “grande surpresa” para ela. “Saber que um homem nos abraçou, prestou solidariedade e sorriu, dizendo que este caso seria prioridade, tem envolvimento nesse mando é, para nós, entender que a Polícia Civil não foi só negligente, como também que não foi por uma falha que chegamos a seis anos de dor”, desabafa a viúva, emocionada.   

Embora reconheça que, “infelizmente, foi um caso muito bem executado”, a viúva de Marielle diz que faltou vontade política para elucidar o assassinato, já que, em cinco anos, a investigação da Polícia Civil do Rio não tinha encontrado os supostos mandantes. “Então, a nossa gratidão e o nosso reconhecimento neste momento ao trabalho da PF, do MPRJ, da PGR e de todos que, depois da entrada neste caso, conseguiram entregar para a gente uma resposta efetiva”, diz Monica. 

Os irmãos Brazão foram presos acusados de serem os mentores intelectuais do assassinato de Marielle. A prisão foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), onde está o caso em razão da prerrogativa de foro privilegiado de Chiquinho, por risco de fuga. O deputado federal e Domingos foram delatados pelo sargento reformado da PM Ronnie Lessa, quem executou a ex-vereadora do Rio. A delação de Lessa foi homologada pelo STF na última terça (19/3).

Rivaldo foi preso preventivamente suspeito de obstruir as investigações quando chefiava a Polícia Civil do Rio. Segundo Lessa, o delegado teria prometido a Domingos que o conselheiro do Tribunal de Contas não seria punido. Rivaldo foi empossado como chefe da Polícia Civil pelo então interventor federal do Rio, Walter Braga Netto, um dia antes do assassinato de Marielle. Lá, ele ficou até o fim de 2018, quando a intervenção do governo Michel Temer (2016-2018) na segurança pública do Estado se encerrou.

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