O governador Romeu Zema (Novo) afirmou, em café da manhã com jornalistas nesta terça-feira (23), que a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto (Novo), pode não concorrer à prefeita de BH. Colocada como uma das pré-candidatas ao Executivo municipal, ela pode ser vice de alguma chapa à direita, segundo o chefe do Palácio Tiradentes.
“Depende da viabilidade da candidatura dela”, disse Zema. Apesar de não ter citado diretamente as pesquisas de opinião, em suma, o governador vinculou a manutenção da pré-campanha de Luísa Barreto ao crescimento dela nos levantamentos de intenção de voto. A última DATATEMPO, por exemplo, a colocou com 1,7% das intenções, à frente apenas do ex-vice-prefeito Paulo Lamac (Rede, com 1,2%) e do ex-vice-governador Paulo Brant (PSB, com 0,9%).
Pela lei, Luísa Barreto tem um tempo curto para alcançar a “viabilidade” citada por Zema. Ela precisa se licenciar do primeiro escalão do Governo de Minas até 6 de junho, quatro meses antes da eleição municipal. Em suas redes sociais, ela se coloca como pré-candidata, mas a última publicação que faz referência a políticas públicas para BH foi feita há uma semana.
Luísa tem sido cortejada pelo PL nas últimas semanas. O deputado estadual Bruno Engler (PL) é um dos que tentam convencer o Novo a abrir mão da pré-candidatura para que a secretária seja sua vice. Ele tem articulado reuniões com atores do Governo de Minas para atrair o apoio do governador, mas ainda não conseguiu encontrar Zema pessoalmente para discutir o assunto. Questionado por jornalistas durante o café da manhã se poderia apoiar Engler ainda no primeiro turno, o chefe do Executivo se esquivou e disse que as decisões partidárias passam pelo presidente do partido em Minas Gerais, Christopher Laguna.
Procurado, Christopher Laguna afirmou que ainda é cedo para descartar Luísa Barreto na corrida pela PBH. "É uma prefeitura aberta, e a Luísa é o nosso nome. É a representação da direita que acreditamos, mas sabemos que o cenário pode mudar. Precoce dizer que mudou. No cenário atual, seguimos com toda força junto dela. Teremos um evento estadual no dia 4 de maio. O governador irá participar", disse.
Sem palanque, mas com Bolsonaro
O governador Romeu Zema também disse no café da manhã com jornalistas que “não vai subir em palanque nenhum” no primeiro turno das eleições municipais deste ano. “Eu quero distância da eleição municipal”, afirmou. Zema, porém, ressaltou que pode apoiar um candidato da direita no segundo turno, caso o adversário seja à esquerda.
Para ilustrar seu afastamento, o governador citou o caso de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde três deputados estaduais que compõem a base de governo estão direta e indiretamente envolvidos. Cristiano Caporezzo (PL) e Leonídio Bouças (PSDB) são pré-candidatos, enquanto Arnaldo Silva (União) vai apoiar o atual vice-prefeito Paulo Sérgio (Progressistas).
Apesar disso, ele se comprometeu a participar de um eventual ato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Belo Horizonte nas próximas semanas. “Com certeza eu estarei presente”, disse. O líder da direita deve vir à capital mineira, após a realização de uma manifestação no Rio de Janeiro no último domingo (21).
O governador disse várias vezes que ele e Bolsonaro têm um “inimigo em comum, que é a esquerda”. Zema, no entanto, ressaltou suas diferenças para o ex-presidente. Na visão dele, o Governo de Minas é mais técnico do que voltado às pautas de costumes. “Sou um liberal”, afirmou.