Um suplemento alimentar para controle de alterações metabólicas desenvolvido na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) conquistou o segundo lugar do Prêmio Péter Murányi, que reconhece trabalhos com foco na melhoria da qualidade de vida das populações de países em desenvolvimento.
A iniciativa foi coordenada pela professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Elita Scio Fontes, que também é conselheira da startup “FitoFit: Pesquisa e Desenvolvimento”, criada em UFJF. O trabalho, em parceria com Mara Lucia de Campos Resende, foi premiado em R$ 30 mil.
O suplemento alimentar foi produzido para controle de alterações metabólicas, a partir de folhas da embaúba, planta medicinal da espécie Cecropia pachystachya. O produto possui propriedades diuréticas, anti-inflamatórias e hipoglicemiantes.
Conforme a pesquisadora, os compostos bioativos da embaúba foram analisados e caracterizados, com destaque para os polifenóis, conhecidos por suas atividades antioxidantes. Em seguida, foram realizados estudos pré-clínicos, que avaliaram a capacidade do suplemento de atuar no controle do peso e nas alterações metabólicas associadas à obesidade.
“Os resultados mostraram que o suplemento pode ser um importante aliado na prevenção do ganho de peso e na manutenção do equilíbrio metabólico. Entre os achados, destacam-se a melhora da tolerância à glicose, redução da gordura subcutânea, diminuição do estresse oxidativo no tecido adiposo e impacto positivo na esteatose hepática [também conhecida como gordura no fígado],” revela Elita.
De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2025, lançado em março, 68% da população brasileira tem excesso de peso. Dessas, 31% têm obesidade e 37%, sobrepeso. A doença é um dos principais problemas de saúde pública mundial.
Escala de produção
Segundo a diretora científica da FitoFit, Mara Lúcia de Campos Resende, com os resultados promissores, a empresa está agora em fase final de testes regulatórios antes de chegar ao mercado. Os próximos passos incluem a finalização das análises de toxicidade, testes clínicos em humanos, para a validação da eficácia e segurança do produto, e a aprovação regulatória para a comercialização como suplemento alimentar.
“Uma das preocupações do projeto foi garantir que o extrato produzido em laboratório pudesse ser reproduzido em escala industrial. Para isso, foi firmada uma parceria com uma indústria especializada, que confirmou a viabilidade do escalonamento. A transição do processo de bancada para escala industrial foi altamente satisfatória, validando a produção contínua e em larga escala do extrato bioativo. Isso assegura que o insumo possa ser fabricado em quantidades suficientes para atender à demanda comercial, sem comprometer sua qualidade e eficácia,” destaca Mara.
O prêmio
Nesta 23ª edição do Prêmio Péter Murányi, que teve como tema “Alimentação”, a Fundação homônima recebeu e avaliou os 88 trabalhos inscritos, oriundos de 68 instituições indicadoras de todo o Brasil.