Um homem de 60 anos foi hospitalizado com alucinações e problemas físicos graves após substituir sal comum por brometo de sódio em sua alimentação, seguindo uma recomendação do ChatGPT. O caso, documentado em estudo publicado no periódico "Annals of Internal Medicine Clinical Cases" na terça-feira (5/8), ocorreu nos Estados Unidos após três meses de uso da substância tóxica.
O paciente, que havia estudado nutrição na faculdade, consultou a ferramenta de inteligência artificial da OpenAI buscando alternativas ao cloreto de sódio após ler sobre possíveis efeitos negativos do sal comum à saúde. Após receber a sugestão do ChatGPT, ele adquiriu brometo de sódio pela internet e eliminou completamente o sal de cozinha de sua dieta.
A substituição resultou em uma condição tóxica conhecida como bromismo, causada pela exposição excessiva ao brometo. Os médicos identificaram que o brometo de sódio, embora visualmente semelhante ao sal de cozinha, é um composto diferente, utilizado principalmente para finalidades industriais e de limpeza.
De acordo com o New York Post, o homem foi levado ao hospital após começar a acreditar que seu vizinho tentava envenená-lo. Durante a internação, mostrava-se desconfiado quando lhe ofereciam água, apesar de queixar-se constantemente de sede intensa.
Nas primeiras 24 horas de hospitalização, o quadro piorou. O paciente, que não tinha histórico de problemas mentais, desenvolveu paranoia crescente e começou a relatar alucinações visuais e auditivas. Após tentar fugir, foi transferido para a unidade psiquiátrica, onde recebeu tratamento com fluidos, eletrólitos e antipsicóticos.
Após apresentar melhora, o paciente relatou outros sintomas compatíveis com toxicidade por brometo, incluindo acne, angiomas cereja, fadiga, insônia, ataxia (grupo de doenças neurológicas que afetam a coordenação e o equilíbrio) e polidipsia (sede excessiva).
"É importante considerar que o ChatGPT e outros sistemas de IA podem gerar imprecisões científicas, carecem da capacidade de discutir criticamente os resultados e, em última análise, alimentam a disseminação de desinformação", alertaram os autores do estudo.
"Embora seja uma ferramenta com muito potencial para fornecer uma ponte entre cientistas e a população não acadêmica, a IA também carrega o risco de promulgar informações descontextualizadas", acrescentaram, observando que "É altamente improvável que um especialista médico mencionasse brometo de sódio quando confrontado com um paciente em busca de um substituto viável para o cloreto de sódio".
A OpenAI informa em seus Termos de Uso que sua ferramenta "não é destinada ao uso no diagnóstico ou tratamento de qualquer condição de saúde".