O frio se aproxima e não demora muito para muita gente começar a sofrer com dor de garganta, coriza, espirros e outros sintomas gripais. A melhor forma de se prevenir contra doenças respiratórias é a vacinação. Vários grupos - como crianças até 5 anos, idosos, gestantes, professores, entre outros - são convocados para tomar a vacina contra Influenza na rede pública. Mas qual é a recomendação para as pessoas que não estão nos grupos prioritários? Afinal, quando vale a pena investir na compra de imunizantes contra gripe ou pneumonia na rede privada?
As clínicas, laboratórios e farmácias que oferecem a vacina da gripe afirmam que o fármaco oferecido na rede privada é superior ao da rede pública, por ser tetravalente (H1N1, H3N2, B/Victoria e B/Yamagata), enquanto da rede pública é trivalente (H1N1, H3N2 e B).
Mas a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, explica que, no fim das contas, dá no mesmo para tomar a vacina gratuita ou paga. “Em relação à vacina padrão, com dosagem padrão, que é de 15 microgramas para cada um dos antígenos que compõem a vacina, não faz mais diferença entre a trivalente e a tetravalente, porque um dos vírus influenza B, que é o Yamagata, desde 2020 não está mais circulando. Então o benefício de ampliar a vacinação com a tetravalente, na composição tanto H1N1, H3N2, quanto os dois influenza B, que é o Yamagata e o Vitória, deixou de existir, por conta do desaparecimento nos últimos anos do Yamagata”, explica a médica, lembrando que a recomendação da SBIm é que todas as pessoas se imunizem contra a gripe anualmente, mesmo que não estejam no grupo prioritário.
Mas o mercado oferece ainda um imunizante superior à vacina padrão. Trata-se da “High dose” - vacina quadrivalente de alta concentração - (HD4V), indicada para pessoas com mais de 60 anos. O custo dela é de aproximadamente R$ 250.
“Essa vacina induz a uma resposta imunológica mais robusta, um nível de anticorpo mais elevado, principalmente nessa população que é imunossuprimida, ou seja, que não responde bem à vacina padrão. Consegue-se uma proteção adicional de 24% em média, além da proteção que ela teria com a vacina padrão”, explica Mônica Levi.
Pneumonia
Mas quando o assunto é vacinação contra pneumonia, a médica afirma que é válido investir nos fármacos, mesmo que tenham valores muito elevados. Nos postos de saúde, estão disponíveis a Pneumo 10, a Pneumo 12 e a Pneumo 23, que são direcionadas para crianças, idosos, imunossuprimidos e pessoas com doenças respiratórias.
De acordo com Mônica, as vacinas presentes na rede pública estão defasadas em relação aos patógenos que estão circulando pela sociedade neste momento. “Os pneumococos circulantes aqui no país oscilam com o tempo, aí existe um dinamismo. De uns anos para cá, os três grandes causadores de doença pneumocócica invasiva, que são as doenças graves causadas pelo pneumococo, como a meningite, a pneumonia com bacteremia e a septicemia, são os sorogrupos 19A, o 3 e o 6C. A vacina Pneumo 10, fornecida pelo SUS na rotina para crianças abaixo de 5 anos, não contempla esses três sorogrupos, que são os maiores causadores de doença pneumocócica invasiva atualmente”, explica.
Por isso, dependendo da necessidade médica do paciente e das condições financeiras da família, a orientação é buscar o imunizante na rede privada. “Vale a pena investir, pelo menos com qualquer uma das vacinas conjugadas, 13, 15 ou 20, que contemple esses três sorogrupos, porque crianças pequenas são de risco, assim como os idosos são de risco”, completa a especialista.
As vacinas da gripe e da pneumonia pagas podem ser encontradas em clínicas, laboratórios e, até, farmácias. Na Drogaria Araujo, por exemplo, é possível fazer o agendamento on-line através do site ou do aplicativo. São mais de 90 unidades na capital mineira com imunizantes que combatem a Influenza.
Rede pública de BH
De acordo com aPrefeitura de Belo Horizonte (PBH), nesta campanha de vacinação contra a gripe, até o momento já foram aplicadas mais de 161 mil doses. Desse total, cerca de 132 mil foram administradas nos grupos definidos pelo Ministério da Saúde para cálculo de cobertura vacinal, que são as crianças de 6 meses a 5 anos, 11 meses e 29 dias, idosos com 60 anos ou mais e gestantes.
Considerando as crianças, foram aplicadas 9.912 doses, o que representa cobertura de 6,4%. Dentre as gestantes foram aplicadas 2.249 doses, atingindo 12,9% de cobertura. Já entre os idosos, foram 119.924 vacinados e 24,3% de cobertura. A cobertura geral está em 19,8%. A meta do Ministério da Saúde é 90%.
Já sobre os imunizantes que previnem a pneumonia, direcionados a grupos específicos e pacientes em condições especiais, foram aplicadas 13.476 doses de Pneumo 10, 4.569 doses de Pneumo 13 e 3.500 doses para Pneumo 23.