No inverno, as temperaturas caem, os dias ficam mais curtos e, inevitavelmente, a preguiça ganha força. Academias e parques ficam mais vazios, e o corpo, consequentemente, menos ativo. Segundo Lucas Voltolini, professor de Educação Física da UniSociesc, é justamente aí que mora o erro: o corpo foi feito para se movimentar, e, nesse período, manter uma rotina de exercícios é ainda mais essencial.
“Nosso organismo precisa do exercício para manter a saúde cardiorrespiratória, o condicionamento físico, a composição corporal e outras funções fisiológicas essenciais”, explica. Além disso, no inverno, tendemos a consumir alimentos mais calóricos, tornando a atividade física uma aliada no equilíbrio entre ingestão e gasto energético.
Benefícios de se exercitar no inverno
A principal diferença entre praticar exercícios em dias quentes e em dias frios está na resposta fisiológica do corpo. No verão, os vasos sanguíneos estão dilatados, o que pode deixar a pessoa mais ofegante e provocar uma sensação maior de cansaço.
No inverno ocorre o oposto: os vasos se contraem, há maior gasto de energia para manter a temperatura corporal e o metabolismo tende a acelerar. “Em temperaturas baixas, a parte mais difícil é iniciar a atividade, mas, após o aquecimento, o corpo se adapta e o rendimento pode ser até melhor em comparação aos dias mais quentes”, afirma o professor.
Durante o inverno, o risco de problemas cardiorrespiratórios tende a aumentar. A boa notícia é que a atividade física fortalece o sistema imunológico e ajuda a prevenir essas condições. “Manter uma rotina ativa é também uma forma de cuidado com a saúde como um todo”, lembra Lucas Voltolini.
Cuidados com a atividade física no inverno
Apesar dos benefícios, alguns cuidados são essenciais para garantir que a prática de atividade física em dias frios seja segura e eficaz. Por isso, a seguir, listamos os principais pontos de atenção, com base nas orientações do professor Lucas Voltolini. Confira!
1. Escolha roupas adequadas para o treino
O primeiro passo é escolher roupas apropriadas para a temperatura. “Roupas leves e confortáveis, mas que ajudem a manter o corpo aquecido, fazem toda a diferença”, recomenda Lucas Voltolini. Para atividades ao ar livre, o ideal é optar por roupas térmicas, luvas, gorros e meias mais grossas. Em academias ou ambientes fechados, é comum que o corpo aqueça rapidamente, então vestir-se em camadas facilita o ajuste à temperatura durante a atividade.
2. Priorize o aquecimento
Antes de iniciar o treino, é essencial realizar um bom aquecimento para preparar o corpo. “Elevação da temperatura corporal, aumento dos batimentos cardíacos e ativação da circulação são fundamentais para evitar lesões”, explica o professor. O aquecimento pode incluir atividades como caminhada leve, bicicleta, corda, pequenos saltos e movimentos de mobilidade para as articulações.
3. Atenção ao horário
A exposição a temperaturas muito baixas pode ser desconfortável, principalmente para quem não está habituado. Por isso, o professor sugere adequar o horário dos treinos. “Evite os períodos mais frios do dia, como antes do nascer do sol. Com o aumento da temperatura e a presença do sol, a prática se torna mais segura e prazerosa”, comenta.

4. Cuide da hidratação
Mesmo que a sensação de sede seja menor, o corpo continua perdendo líquido por urina, respiração e transpiração. “No inverno, as pessoas tendem a tomar menos água e a consumir bebidas diuréticas como café e chimarrão. Isso aumenta ainda mais a necessidade de reposição de água”, alerta Lucas Voltolini. Ter uma garrafinha sempre por perto é uma forma simples de manter o corpo hidratado.
5. Mantenha a regularidade (ou retome com cautela)
Interromper os treinos durante o inverno pode gerar um “efeito sanfona” na rotina de exercícios. “O ideal é manter a constância para evitar a necessidade de recomeçar do zero a cada nova estação”, diz Lucas Voltolini. Para quem está parado, o recomeço deve ser gradual, respeitando os limites do corpo e, se possível, com orientação profissional.
6. Proteja-se após o treino
Não é só antes ou durante o exercício que o cuidado deve existir. “Após a prática, é importante se agasalhar novamente para evitar quedas bruscas de temperatura corporal, que podem favorecer resfriados e outras doenças comuns no inverno”, destaca o professor.
Mantenha o corpo em movimento
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a recomendação é praticar ao menos 300 minutos semanais de atividade física para a manutenção da saúde. Isso inclui não apenas treinos em academias ou práticas esportivas, mas também atividades do cotidiano como deslocamentos ativos (caminhada ou bicicleta), tarefas domésticas ou trabalhos braçais.
Manter a rotina de exercícios no inverno não é apenas uma questão de disciplina, mas de consciência sobre os benefícios para a saúde. “O segredo é a adaptação. Uma vez que o corpo se acostuma, o rendimento pode até melhorar”, finaliza Lucas Voltolini.
Por Genara Rigotti