O Reino Unido abriu uma investigação sobre casos de pancreatite aguda associados ao uso de medicamentos da classe GLP-1, como Ozempic e Mounjaro, amplamente utilizados para tratamento de diabetes tipo 2 e perda de peso. A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) anunciou que analisa cerca de 400 notificações de complicações pancreáticas graves, incluindo pelo menos dez mortes confirmadas.
As informações foram coletadas pelo sistema britânico Yellow Card, responsável por monitorar reações adversas a medicamentos. A pancreatite aguda é uma inflamação súbita do pâncreas que pode causar dor abdominal intensa, náuseas e febre, geralmente exigindo hospitalização. Embora tratável, pode evoluir para quadros graves ou fatais.
A MHRA destacou que fatores genéticos podem influenciar como indivíduos reagem a certos medicamentos. “Às vezes, os genes podem influenciar os efeitos colaterais que um indivíduo experimenta ao tomar um medicamento”, afirmou a agência ao jornal The Guardian.
A farmacêutica Lilly, que fabrica o Mounjaro, declarou que a segurança dos pacientes é prioridade e que monitora ativamente os relatos. Já a Novo Nordisk, responsável pelo Ozempic e Wegovy, recomendou que os medicamentos sejam usados apenas para indicações aprovadas, com acompanhamento médico rigoroso. A empresa também afirmou que o perfil benefício-risco permanece positivo e que apoia novas pesquisas sobre o tema.
Relatos semelhantes vêm sendo documentados em outros países. Nos Estados Unidos, uma mulher de 36 anos desenvolveu pancreatite aguda após cinco semanas de uso de semaglutida. Um estudo com 1.269 pacientes hospitalizados mostrou que o uso recente de medicamentos GLP-1 mais que dobrava o risco de desenvolver a inflamação pancreática.
Uma análise realizada em 2024 apontou 6.751 relatos de pancreatite aguda ligada a medicamentos GLP-1 entre 2005 e 2023. A FDA, agência reguladora dos EUA, ainda não abriu investigação formal, mas exige que as bulas desses medicamentos incluam advertência sobre o risco da condição.
Os fabricantes indicam que a pancreatite é uma reação incomum, afetando cerca de 1 a cada 100 usuários.