Um novo estudo revelou que a vacinação contra o herpes-zóster, conhecido popularmente como cobreiro, está associada a uma redução significativa no risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Os resultados da pesquisa foram apresentados nesta quinta-feira (28/8) durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) em Madri, na Espanha.
De acordo com o estudo, fruto de uma revisão sistemática e meta-análise global de 19 trabalhos científicos, tanto a vacina recombinante contra o herpes-zóster (RZV) quanto a vacina atenuada contra a doença (ZVL) estão relacionadas à diminuição no risco de eventos cardiovasculares.
De acordo com os dados da pesquisa, foi identificada uma redução de 18% no risco de eventos cardiovasculares em adultos com 18 anos ou mais e de 16% em pessoas com 50 anos ou mais que receberam a vacina. A diferença na taxa absoluta variou de 1,2 a 2,2 eventos cardiovasculares a menos por 1.000 pessoas ao ano entre os vacinados em comparação com aqueles que não receberam a vacina.
"Nós analisamos as evidências atualmente disponíveis e descobrimos que, nesta análise, a vacinação contra o herpes-zóster foi associada a um menor risco de eventos cardiovasculares, como ataques cardíacos ou derrames”, afirmou o autor do estudo e diretor médico da farmacêutica GSK, Charles Williams. Ele pontuou, porém, que mais estudos são necessários para descobrir se essa associação pode ser atribuída a um efeito direto da vacinação contra o herpes-zóster.
"Embora nossos resultados sejam encorajadores, existem algumas limitações nos dados disponíveis que estudamos. Quase todas as evidências vieram de estudos observacionais, que são propensos a viés e não devem ser usados para inferir causalidade. Todos os estudos usados na meta-análise visavam principalmente investigar o uso da vacina contra herpes-zóster para prevenir o zóster na população geral, o que pode limitar a capacidade de generalizar esta pesquisa para pessoas com maior risco de eventos cardiovasculares. Isso demonstra a necessidade de mais pesquisas nesta área”, ponderou.
No Brasil, a vacina contra o herpes-zóster só está disponível apenas na rede privada. Em abril, porém, o Ministério da Saúde encaminhou à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (Conitec) uma solicitação de avaliação para a inclusão do imunizante no Sistema Único de Saúde.
A Sociedade Brasileira de Imunização recomenda que sejam vacinados indivíduos a partir dos 50 anos e imunocomprometidos ou pessoas com risco aumentado para herpes-zóster a partir de 18 anos.