O Atlético promoveu na manhã desta quarta-feira (19/3) um encontro com jornalistas e torcedores na Cidade do Galo para apresentar, de forma detalhada, o funcionamento do Centro de Inteligência do Galo (Ciga). O evento teve a presença de 31 profissionais da imprensa, além de seis sócios do GNV Forte e Vingador.  

O gerente de mercado do Ciga, Rodrigo Weber, conduziu uma palestra no auditório do futebol profissional. Denominado ‘Por Dentro do Galo’, este foi o primeiro de uma série de eventos que acontecerão ao longo do ano.  

“A gente sempre identificou que seria positivo mostrar como trabalhamos. Não passamos a receita do bolo, apenas nossas estratégias para que todos tenham o conhecimento de nossas funções. O intuito foi esse e o retorno muito positivo", avaliou Weber.

Função do Ciga 

O Ciga é composto por 13 profissionais, além de cinco observadores.  A função do setor é otimizar a tomada de decisão do clube por meio da compra e venda de jogadores, da elaboração da estratégia de jogo e do desenvolvimento de atletas.

O departamento conta com um ecossistema tecnológico de 12 softwares que fornecem dados estatísticos, relatórios, dados de contrato, consultoria tática, entre outros aspectos. Uma das ferramentas mais conhecidas é o Wyscout, que oferece uma enorme base de dados com informações detalhadas sobre atletas de diversas competições ao redor do mundo. 

Segundo estudo apresentado pelo gerente Rodrigo Weber, 49% do sucesso esportivo está atribuído ao poder de investimento. Os outros 51% estão relacionados à eficiência operacional do clube. Como o Atlético tem concorrentes no futebol brasileiro com maior capacidade financeira, o clube entende que pode compensar com maior qualificação do setor de inteligência e estatística.  

Ainda de acordo com o gerente do Ciga, clubes bem estruturados nesta área conseguem superar a expectativa no campeonato de pontos corridos em até 6 pontos. O Atlético campeão Brasileiro de 2021 somou 21 pontos a mais do que havia projetado no início da temporada. 

Áreas do CIGA: 

  • Gerente – Rodrigo Weber
  • Análise de Desempenho – Gustavo Nicoline 
  • Mercado – Pedro Picchioni 
  • Analyctis – Rodrigo Picchioni 

Planejamento do Galo 

Durante a apresentação, Weber disse que a missão do Atlético é a sustentabilidade financeira e esportiva, sem perder de vista o alto nível competitivo. Para isso, o Ciga entende que definir um modelo de jogo é fundamental para potencializar os atletas, otimizar o elenco e, consequentemente, alcançar conquistas. Essa questão não passa pela formação tática (4-4-2, 4-3-3, 3-4-3, etc), que pode variar conforme a preferência do treinador e a estratégia para cada partida. 

O Centro de Informação do Galo entende que o princípio da equipe deve passar pelo controle total da partida por meio da agressividade com e sem a bola. Para isso, a equipe deve fazer uma marcação pressão no campo do adversário e, quando tiver a bola, chegar rapidamente ao gol do oponente.  

 

Como o Ciga opera? 

Os processos do Ciga são baseados em estudos e práticas bem-sucedidas. O setor se pauta por quatro segmentos: análise de jogo, análise de equipe, identificação de reforços e análise de jogador. 

Análise do jogo 

É a análise da própria equipe durante os jogos da temporada, como o mapa de finalizações e expectativa de gol. Na apresentação, Weber exemplificou com o relatório pós-jogo da final do Campeonato Mineiro, vencida pelo Atlético por 4 a 0. Na ocasião, as finalizações do Galo criaram uma “expectativa de gol” de 2,76, contra 0,15 do América. 

Análise de mercado

Uma das funções do Ciga é mapear o mercado e indicar atletas que se encaixem dentro do perfil desejado pelo clube. A primeira etapa é feita através de vídeos e análise.  

“O mercado de jogadores é como se fosse um oceano, cada jogador é um peixe. Nosso oceano tem mais de 50 mil jogadores na base de dados. Todos esses jogadores a gente avalia através de vídeo e dados. A análise aprofundada é o segundo filtro, o que seria a nossa piscina”, exemplificou Rodrigo Weber.  

Em 2024, O Atlético observou  6,6 mil jogadores através de vídeos. Destes, mil passaram por uma avaliação mais aprofundada, que inclui comportamento tático, capacidade técnica, adaptação ao modelo de jogo e outros contextos. 

Desse total, a lista foi reduzida para 150 atletas, que tiveram uma análise ainda mais criteriosa, com observação in loco, pesquisa sobre aspectos comportamentais, histórico de lesões e viabilidade contratual e financeira. Segundo Weber, 55 jogadores foram recomendados para a diretoria no ano passado.   

A última etapa da participação do Ciga na contratação é apresentar o projeto do Atlético para os jogadores. Geralmente, participam dessa fase Rodrigo Weber e o diretor de futebol Victor Bagy. O gerente do Ciga citou o exemplo do zagueiro Lyanco, que tinha uma proposta do Botafogo superior financeiramente, mas se sentiu seduzido pelo projeto apresentado pelo Galo.  

Análise comportamental 

Além dos aspectos técnicos, táticos e físicos, o Ciga também analisa o histórico comportamental do atleta. Onde e com quem ele cresceu, qual a estrutura familiar, como é a relação dele no vestiário, o que gosta de fazer, quais os hábitos, quem ele admira e em quem ele confia são algumas questões observadas pelo departamento de análise.  

Elenco 2025  

A busca por reforços para a temporada de 2025 foi baseada em cinco fatores que foram poderiam suprir necessidades identificadas pelo Ciga. Para corrigir os erros do ano passado, o Galo focou em cinco pontos: 

  • Melhorar a parte física do elenco;
  • Ter jogadores versáteis para atuar em diversas posições; 
  • Valorizar jogadores brasileiros, diminuindo o número de estrangeiros;
  • Buscar jogadores com mentalidade competitiva; 
  • Ter mais jogadores entre 24 e 29 anos, considerada a idade de pico de um atleta;