A Arena MRV, casa própria do Atlético, completa nesta quarta-feira (27) dois anos desde sua inauguração oficial. Moderno e imponente, o estádio, que comporta 44.892 torcedores, se consolidou como o novo símbolo do clube. Desde 2023, a Arena recebeu jogos importantes da história do Galo, como as quartas e as semifinais da Copa Libertadores de 2024, e se tornou referência em tecnologia e conforto no futebol brasileiro, tendo passado por mudanças estruturais recentes.

O estádio, localizado no bairro Califórnia, na região noroeste de Belo Horizonte,  também representa um marco para o patrimônio do clube. Sua construção teve três tipos de gastos. O primeiro, relacionado à obra em si, foi na ordem de R$ 742 milhões. O plano de tecnologia e o custo do licenciamento foram de R$ 108 milhões, e, por fim, as contrapartidas do poder público ficaram em R$ 185 milhões.

Reformas para 2025

Desde a sua inauguração, a Arena passou por diversas mudanças estruturais. Entre as mais impactantes estão as reformas na acústica — um pedido antigo da torcida — e a troca do gramado, que deixou de ser natural e passou a ser sintético. Ambas as mudanças aconteceram nos primeiros cinco meses de 2025.

O “gatilho” para as reformas aconteceu após a final da Copa do Brasil de 2024, quando o Atlético foi derrotado pelo Flamengo diante de um público recorde de 44.876 torcedores. Na ocasião, uma confusão generalizada entre torcedores e policiais deixou um rastro de destruição e expôs fragilidades no sistema de segurança.

A partir daí, a diretoria decidiu pela modernização de catracas, que foram substituídas por torniquetes, a instalação de centenas de câmeras e equipamentos de monitoramento que hoje auxiliam a Polícia Militar e os órgãos de segurança nos dias de jogo. Além disso, o estádio agora conta com acesso por facial em todas as entradas, fazendo com que quase a totalidade dos torcedores tenham que registrar a biometria para adquirir um ingresso.

Outro ponto de mudança foi a acústica. A obra concentrou-se no setor superior sul, atrás de um dos gols, onde se concentram as principais torcidas organizadas. O espaço perdeu as cadeiras e ganhou um desenho mais voltado para a pressão sonora da Massa, ampliando o ambiente de caldeirão.

“Para mim, a acústica melhorou consideravelmente. Fui em vários jogos, tanto no próprio setor, quanto setores laterais e do outro lado (do estádio), e se escuta a torcida muito melhor em relação ao que era antes. Foi um acerto. Inclusive, devia ser instalado no restante do estádio”, disse o instrutor de auto escola, Daniel Oliveira, que vai em todos jogos na Casa do Galo, a O TEMPO Sports.

Já o gramado vinha sendo alvo de críticas dos jogadores desde o início: irregular, sem resistência e constantemente castigado pelo uso, foi substituído por uma superfície sintética, considerada mais moderna e adequada ao calendário intenso do futebol brasileiro. A decisão, tomada em 2025, atende às exigências de jogadores e comissões técnicas, que cobravam melhorias nas condições de jogo.

O Galo, no entanto, ainda está se adaptando ao novo campo. Visivelmente o time ainda sofre por conta da grama e não tem conseguido se impor em casa, como citou Daniel à reportagem: “Visualmente ficou bem mais bonito, porém, esportivamente não vejo o Atlético se impor como outros times que jogam no sintético fazem, mesmo com as classificações recentes em mata-mata, elas vieram por conta dos resultados fora de casa”. O torcedor ainda comentou que, pelo gramado ter sido elevado, não existem mais problemas de visibilidade em nenhum setor ou ângulo.

Galo faz treinos na Arena MRV para se adaptar ao gramado sintético (Pedro Souza/Atlético)

As reformas começaram em dezembro e interditaram o estádio até maio de 2025. Nesse período, o Atlético voltou a mandar seus jogos no Mineirão. A reabertura ocorreu no dia 11 de maio, diante do Fluminense, pela 8ª rodada do Campeonato Brasileiro, com vitória épica por 3 a 2.

“No final das contas, o saldo, em relação ao que era a arena antes das reformas, é positivo, melhorou em tudo o que se propôs nas reformas, mas ainda fica o sentimento do torcedor que dá pra ser melhor”, concluiu Daniel.

CEO exalta melhorias da Arena MRV

A última fala de Daniel Oliveira se encaixa com o que o CEO do Atlético, Bruno Muzzi, respondeu a O TEMPO Sports. Para ele, as reformas deixaram a Arena MRV bem melhor, mas ainda estão atentos a novas melhorias que podem ser feitas.

“Evoluímos bastante em vários aspectos na Arena MRV para a atual temporada. Tivemos a instalação do gramado sintético, melhorias na segurança e na operação, como a implementação da biometria facial. O projeto de acústica era extremamente complexo e o resultado foi muito satisfatório, reconhecido inclusive pela torcida, e continuamos atentos a outras melhorias que possam ser feitas”, afirmou Muzzi.

Sobre o gramado, o CEO atleticano afirmou que tudo foi definido junto ao departamento de futebol e os jogadores, que, inclusive, já elogiaram o novo campo da Arena MRV.

Marcas históricas

Além das mudanças estruturais, a Arena MRV segue acumulando marcas históricas. O estádio já recebeu clássicos memoráveis, como a vitória por 3 a 0 contra o Cruzeiro no Campeonato Brasileiro de 2024; teve números expressivos de arrecadação, como a renda de mais de R$ 10 milhões na final da Copa do Brasil de 2024; e se tornou um espaço multiuso, recebendo também shows importantes, como os de Paul McCartney e o da dupla Jorge e Mateus, além de eventos corporativos. A Arena conta também com loja oficial e uma escultura de um Galo de aço inox de oito metros de altura que homenageia o mascote do clube. 

Aniversário em dia de clássico

O aniversário de dois anos será justamente no dia do clássico contra o Cruzeiro, pelo jogo de ida da Copa do Brasil. O rival celeste costuma ser um visitante indigesto para o Atlético. Inclusive, venceu o primeiro confronto entre os times na história da Arena MRV, por 1 a 0, no Brasileiro. A Raposa também venceu o jogo seguinte, por 2 a 0. Já nos últimos dois jogos entre eles no estádio, um empate por 2 a 2, na final do Mineiro, e uma vitória do Galo por 3 a 0 no Brasileiro. Ambos em 2024.