Nem precisa ter boa memória para se lembrar que Paulinho, do Atlético, foi considerado causa perdida por parte da imprensa e da torcida. Faz apenas três meses.
Causa perdida não por comportamento inadequado — não há notícia disso. Os argumentos se restringiam ao campo. E com o atacante, à ocasião, já artilheiro da Copa Libertadores, com sete gols. Hoje, com a competição a um jogo do fim, ele só está atrás de Cano, do Fluminense.
O auge das críticas veio junto à eliminação do Galo no torneio continental. Paulinho perdeu uma chance clara no 0 a 0 com o Palmeiras no Allianz Parque, na volta das oitavas de final. Se ele marcasse e o alvinegro vencesse por 1 a 0, levaria a decisão para os pênaltis.
Como de hábito, o erro mais evidente virou foco. O mais evidente, não o único. E nem o maior, necessariamente. O fato de o Palmeiras ter sido superior quase foi ignorado, e a dificuldade de o Atlético criar, também. Conclusões precipitadas inundaram microfones e redes sociais.
Paulinho respondeu em campo. Onze dias depois, marcou na vitória por a 1 a 0 sobre o Bahia e, desde então, tem sido o melhor jogador do Galo. É, também, o artilheiro da Arena MRV, com um número que salta aos olhos: oito gols em sete partidas.
Felipão rende elogios frequentes ao jogador, que, ao fazer dois gols no triunfo por 3 a 1 sobre o Fortaleza, na última quarta-feira (1º/11), encostou no merecidamente festejado Tiquinho Soares, do Botafogo, na artilharia do Campeonato Brasileiro: 16 a 15. Há tanta diferença assim?
Quando detonar Paulinho era moda, ouvi de um amigo jornalista, fora do ar: "Paulinho não é jogador para o Atlético". Precisou de pouco tempo para o colega mudar de opinião, o que não é um problema. O problema são as sentenças definitivas com pouco embasamento.
E, mais do que isso, a forma como são emitidas, conduzindo profissionais do futebol à guilhotina com certa frequência.