O departamento jurídico do Atlético pode ter, em breve, uma dor de cabeça envolvendo o técnico Jorge Sampaoli. O treinador argentino tem chances de ser denunciado pela Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pela presença no estádio do Mineirão, no último domingo, durante duelo contra o Flamengo, pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Sampaoli não poderia estar presente, uma vez que estava suspenso após receber, pela segunda vez no Campeonato Brasileiro, o terceiro cartão amarelo. Além disso, imagens da transmissão de TV mostram tanto o treinador quanto um membro da comissão técnica, no banco de reservas, utilizando aparelhos celulares.

Em entrevista ao Super.FC, o procurador-geral do STJD, Ronaldo Botelho Piacente, explicou que o Tribunal pode até pedir a quebra do sigilo telefônico de Sampaoli.  "Sim, pode pedir. Por ser uma Justiça Desportiva e que não tem o poder de polícia, pode ser que a telefonia negue o pedido. A gente não pede para o Atlético, tem que pedir pra companhia telefônica", destacou Piacente.

O procurador, ao mesmo tempo, vê o caso como algo complexo. "Mas é uma coisa complicada, tem que pedir pra todas (as operadoras), é algo mais complexo. Esse pedido poderia ser de forma judicial (Justiça Comum), mas aí inviabiliza porque temos um prazo de 60 dias para julgar. Até chegar essa informação, acabou o prazo. O pedido pode ser feito pela procuradoria ou pelo relator do processo", explicou.

Além disso, o protocolo sanitário da CBF, em razão da pandemia do novo coronavírus, determina um número máximo de 42 pessoas por delegação em cada jogo. E, por estar suspenso, Sampaoli não poderia exercer sua função do local da partida, uma vez que o treinador não poderia estar no estádio como um torcedor comum.

"São dois momentos diferentes. Antes da Covid, com torcida, até se permite que vá como torcedor. Ele está suspenso e vai assistir ao jogo. Pode ser o técnico ou o atleta, não tem problema nenhuma. Mas neste momento que não está tendo torcida, ninguém pode ficar lá como torcedor. Essas 42 pessoas são essenciais para o desenvolvimento do trabalho naquele determinado jogo", explicou Piacente.

Questionado sobre episódios relacionados a jogos do Fortaleza, no Castelão – que estaria levando muitos dirigentes ao estádio, formando uma "torcida", fato já reclamado por Internacional e o próprio Atlético –, o procurador Ronaldo Botelho disse não ter conhecimento.

"A nós e, pelo o que eu tenho conhecimento, não chegou. Isso tem que chegar ou na súmula do árbitro ou através de notícia de infração. Ela age por provocação ou de conhecimento por imagem. Mas é preciso analisar", ponderou.

Outros treinadores suspensos também estiveram presentes nos estádios nas Série A e B deste ano (que não teviveram partidas com público até aqui por causa da Covid) e não foram denunciados. Alguns dos exemplos são do técnico Felipe Conceição, Lisca (duelo contra o Paraná), Fernando Diniz e o próprio Sampaoli, que esteve no Mineirão contra o Red Bull Bragantino, em jogo da 10ª rodada, logo após ser suspenso pela primeira vez na competição.

O procurador Ronaldo Botelho informou ao Super.FC que está analisando as imagens, mas não há uma previsão para analisar o caso e apresentar a denúncia. O prazo legal é de 30 dias a partir do conhecimento do episódio.  "A procuradoria vai analisar o fato dele estar lá e estar suspenso e a outra questão é, que a gente percebe, ele falando ao telefone e o técnico substituto dele lá falando por um ponto (celular)", destacou.

A reportagem fez contato com o Atlético, que afirmou que não irá se pronunciar, no momento, sobre o assunto.