Antes da pausa para a Copa América, os últimos resultados do Atlético foram uma derrota para o Santos em São Paulo e um empate com o São Paulo em casa. Após a competição de seleções, logo de cara um revés de 3 a 0 para o Cruzeiro em crise política e péssima fase dentro de campo, com uma sequência de nove jogos sem vitórias antes do clássico. O Galo, porém, não se abateu. Ao invés de se desequilibrar de vez, o time do técnico Rodrigo Santana passou por uma transformação nas últimas duas semanas e se recuperou. 

O ataque até dá dores de cabeça com os jejuns e as fases horríveis de Ricardo Oliveira e Alerrandro, mas a defesa e especialmente o meio-campo alvinegro estão carregando a equipe e garantindo a manutenção de um bom momento. No G4 do Campeonato Brasileiro e classificado para as quartas de final da Copa Sul-americana para enfrentar o La Equidad-COL, o Atlético vive sequência de seis jogos de invencibilidade, não sofreu gols nas últimas três partidas, não sendo vazado em quatro dos últimos cinco duelos. A confiança está em alta.

E o grande símbolo desta transformação é Jair Rodrigues Júnior. Segundo volante de origem, ele vinha tendo poucas chances no Galo, mas isso mudou nas últimas duas semanas. Após a derrota para o Cruzeiro, Rodrigo Santana escalou um time reserva contra a Chapecoense no Brasileirão, com Jair sendo titular na vitória por 2 a 1. Na sequência, no clássico de volta pela Copa do Brasil, surgiu um problema com a precoce aposentadoria de Adilson, e o escolhido pelo treinador para substituir o primeiro volante foi o jogador de 24 anos, atuando em uma posição diferente.

Jair, porém, parecia ter sempre jogado como primeiro volante. Teve uma excelente atuação no triunfo por 2 a 0 sobre a Raposa e não saiu mais do time titular, acumulando uma ótima exibição atrás da outra. De lá pra cá, o Atlético empatou com o Fortaleza por 2 a 2 e venceu o Botafogo duas vezes (1 a 0 no Rio e 2 a 0 em BH). No único resultado que não terminou em vitória, o Galo caiu de rendimento e sofreu os dois gols justamente após o volante sair de campo. Ramón Martínez, que entrou em seu lugar, ainda falhou no lance do primeiro tento dos nordestinos.

O desempenho de Jair tem sido impressionante. Com ótimas exibições, ele tem sido o jogador com mais desarmes no Galo desde sua entrada no time titular, sendo sete na Sul-americana e 10 no Brasileiro. Vital na transição defesa-ataque com excelentes passes, iniciando bem as jogadas ofensivas e também sendo um elemento surpresa de qualidade, o volante tem sido fundamental também defensivamente. Não à toa, o Atlético não sofreu gols com Jair em campo e a defesa alvinegra não foi vazada nas últimas três partidas.

A opinião é compartilhada pelo técnico Rodrigo Santana, que exaltou Jair e falou sobre sua mudança de posição. "Está batendo uma bolinha boa o Jair, né (risos). Ele está jogando muito bem, abraçou a oportunidade que teve e está sendo fundamental no nosso sistema tático. Ele está subindo bem ao ataque, é ótimo na saída de bola, roubando bolas também, é o jogador que mais desarma no nosso time", disse o treinador, antes de brincar, dizendo que o Atlético precisa tomar cuidado para não perder o jogador rapidamente.

"Ele era segundo volante, às vezes ficava muito exposto jogando de costas e errava alguns passes. Passamos ele para primeiro volante e ele se encontrou. Ele tem muita qualidade e facilidade para fazer jogada individual, muito improviso, então vem fácil com a bola dominada. Ele cresceu muito e se encontrou nessa posição. O Jair é um grande jogador. Temos que estar atentos para não perder ele logo", completou.

Jair também analisou a sua transformação e agradeceu o apoio de Rodrigo Santana e seus companheiros. "Eu sempre joguei como segundo volante, mas não vejo problema algum em jogar como primeiro. Eu conversei com o Rodrigo antes e disse que não teria problema algum. Eu gosto de sair para o jogo e o Elias é um cara muito inteligente. Quando eu subo, ele fica, e vice-versa. Sempre trabalhei para jogar, e sequência de jogos e confiança é tudo para um jogador, e com a sequência que venho tendo, isso só tende a melhorar com o decorrer dos jogos. O apoio dos companheiros e do Rodrigo ajuda bastante", afirmou.

Em um intervalo de apenas 14 dias, o Galo saiu de uma possível crise para um time com números, resultados e uma sequência invicta muito favoráveis, com um clima de tranquilidade e otimismo para a continuidade da Copa Sul-americana e do Campeonato Brasileiro. E Jair, além de um dos principais responsáveis por essa mudança, também é um símbolo dela. Não apenas pela sua importância e por ser um dos nomes da transformação alvinegra, mas também por ele próprio ter se transformado ao se encontrar e crescer em uma outra posição.