Após o caso de uma suposta lavagem de dinheiro do tráfico de drogas vir à tona, conforme reportagem da Revista Piauí, o Cruzeiro Associação decidiu se manifestar oficialmente. Assim como o ex-presidente Sérgio Santos Rodrigues, o clube negou qualquer tipo de irregularidade em empréstimo recebido por um empresário em 2021.

Conforme a associação, houve, de fato, o recebimento de R$ 5 milhões (e não R$ 3 milhões, como consta na matéria) por parte do empresário Willian Barile Agati, preso pela Polícia Federal. Quantia essa devolvida entre 2021 e 2022, com juros, que somaram R$ 70 mil.

O TEMPO Sports teve acesso aos comprovantes de transferência bancária – devido a sigilo fiscal, os mesmos não podem ser divulgados ao público. A dívida foi completamente quitada já na era de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), sob a gestão de Ronaldo Nazário.

"O empréstimo de fato existiu e foi exatamente desta forma registrado em todos os documentos contábeis e financeiros do Cruzeiro em 2021. O contrato registrou o valor de cinco milhões de reais, e não três milhões como citado na matéria. Todas as transações desta operação foram feitas de forma eletrônica, logo, facilmente identificadas por instituições bancárias ou até mesmo pela Polícia Federal, assim como adequadamente registradas em nossos balanços", informou.

Segundo a Raposa, que detém 10% da SAF, atualmente de Pedro Lourenço, o momento de crise financeira da época fez a gestão da recorrer a empréstimos daquele tipo. Assim como Sérgio, o Cruzeiro Associação, hoje presidido por Lidson Potsch Magalhães, frisou que esse negócio em nada teve a ver com a contratação do atacante Diogo Vitor, agenciado por Agati.

"O fato de o Cruzeiro ter recorrido a Willian Barile Agati como alguém que emprestou ao clube o valor citado, não impedia o clube de negociar com ele jogadores que representava, como no caso em questão, Diogo Vitor. O jogador chegou ao clube sem custos e como uma boa oportunidade de mercado, considerado o baixo valor salarial, sua capacidade técnica e potencial de crescimento – que infelizmente não se confirmou- e passagens por Santos e Corinthians", disse.

Por fim, o Cruzeiro reiterou que não foi procurado pela Polícia Federal, que investiga o caso, sobre qualquer esclarecimento. Sobre a matéria da Piauí, o clube classificou como "absurdo" a acusação de um esquema de lavagem de dinheiro onde as movimentações ocorreram em bancos convencionais e são registradas em balanços financeiros.

Nota na íntegra

"Sobre a matéria “Cruzeiro lavou 3 milhões de reais do PCC na compra de atacante, diz PF”, divulgada originalmente pela Piauí e posteriormente replicada por diversos veículos, O Cruzeiro Associação traz importantes esclarecimentos que foram oferecidos e não constaram por completo na publicação que são
fundamentais:

O empréstimo de fato existiu e foi exatamente desta forma registrado em todos os documentos contábeis e financeiros do Cruzeiro em 2021. O contrato registrou o valor de cinco milhões de reais, e não três milhões como citado na matéria. Todas as transações desta operação foram feitas de forma eletrônica, logo, facilmente identificadas por instituições bancárias ou até mesmo pela Polícia Federal, assim como adequadamente registradas em nossos Balanços. Além disso, pagamentos iniciais foram feitos por seus juros (0,8% ao mês), sendo que sequer chegaram ao valor incorretamente citado na matéria. O contrato foi liquidado por completo já pela gestão da SAF em maio de 2023.

Infelizmente para o Futebol brasileiro, tornou-se comum nos últimos anos que clubes de futebol, com heranças de má gestão por décadas, passassem a recorrer a empréstimos para viabilidade de seu fluxo de caixa. Tais créditos passaram a ocorrer também com intermediários e empresários do futebol. São inúmeros clubes do Brasil que praticaram – ou ainda o praticam- tal modalidade diretamente com os intermediários, profissionais que não deixam de ter sua função original de negociar seus jogadores empresariados com os clubes.

Foi exatamente o que ocorreu no caso em questão. O fato de o Cruzeiro ter recorrido a Willian Barile Agati como alguém que emprestou ao clube o valor citado, não impedia o clube de negociar com ele jogadores que representava, como no caso em questão, Diogo Vitor. O jogador chegou ao clube sem custos e como uma boa oportunidade de mercado, considerado o baixo valor salarial, sua capacidade técnica e potencial de crescimento – que infelizmente não se confirmou - e passagens por Santos e Corinthians.

Em momento algum as duas negociações se cruzaram. O empréstimo foi uma operação e a contratação foi absolutamente outra. As datas e bases de ambas deixam isso perfeitamente claro: a operação financeira se deu em janeiro e contrato com jogador apenas se deu em agosto de 2021.

Até o momento, a Polícia Federal não nos pediu quaisquer esclarecimentos por essas operações. Tão logo isso ocorra, se ocorrer, toda a farta documentação e comprovantes existentes serão disponibilizados porque, reiteramos, nada foi feito fora do previsto pela legislação e pela legalidade. A respeitada instituição identificará facilmente a entrada e a saída dos recursos, reiteramos, lastreados em contrato e registrados em Balanço. Insinuar que uma operação de lavagem de dinheiro tenha todas suas movimentações registradas contabilmente e comprovações por documentos de transações eletrônicas, como faz a matéria, alcança o absurdo.

Por fim, mas não menos importante: o intervalo de tempo entre o pedido de resposta para a matéria e sua publicação foi ínfimo. Impossível que tenha sido escrita, ao menos em relação que cabe ao Cruzeiro, com profunda análise de tudo que foi exposto ou mesmo documentos colocados à disposição do jornalista. Todos os documentos e comprovantes que comprovam detalhadamente o acima exposto estão e estarão à disposição das autoridades competentes, assim como daqueles que estejam dispostos a escrever matérias que realmente reproduzam a verdade dos fatos.

O Cruzeiro Associação segue inteiramente disponível para qualquer esclarecimento que seja necessário."