Ex-gestor do Cruzeiro, Ronaldo Fenômeno afirmou que seu período a frente da SAF celeste foi prejudicado pelo fato de ter colocado fim a regalias que eram concedidas a torcidas organizadas e também a conselheiros do clube.
Em entrevista ao Charla Podcast nesta sexta-feira (22), Ronaldo afirmou ter se surpreendido com o que viu assim que assumiu o controle do clube.
"Peguei uma coisa complicada para torcedor entender, que é a política associativa. Tem lá uns 400 conselheiros, todos sem fazer p... nenhuma. Tirou o futebol dali e os caras, que já não tinham nada pra fazer, só piorou", iniciou Ronaldo.
O Fenômeno revelou que os conselheiros também contavam com uma 'cota' de camisas, às custas do clube. "Cada conselheiro tinha 50 camisas que a gente tinha que dar. Começava o ano o Cruzeiro devendo 2 milhões em camisas (para a fornecedora de material esportivo). 350 conselheiros, cada um pedindo 50 camisas, faz a conta pra ver", deixou no ar o hoje empresário. "Mandei cortar presente de conselheiro. No máximo o que a gente podia tentar era preço de custo, com o conselheiro pagando", acrescentou.
Para completar, de acordo com Ronaldo, ainda havia uma relação 'promíscua' entre conselheiros e organizadas. "Só que os caras já tinham os contatinhos deles. Torcida organizada, davam ingresso pra cá, camisa pra lá. Ainda tem essa relação. Tem gente operando por trás da Máfia Azul, maior torcida organizada do Cruzeiro", declarou durante a entrevista.
"Nós chegamos lá e, abrindo as gavetas do clube, cada vez saía um absurdo. Jogo do Mineirão já partia de menos 20 mil ingressos que tinham que ir para a Máfia Azul, de forma gratuita. Eles vendiam pra turma deles lá, de forma que a torcida monetizava. Só que eu chego e já corto. Os caras estavam me adorando. Uma semana depois já estão me odiando", brincou Ronaldo.
Ao tentar colocar um freio nesta situação, Ronaldo sabe que isso teve 'consequências' para sua administração a frente do Cruzeiro: "São medidas impopulares, mas necessárias, mas os caras ficam putos. Esse negócio de organizada contamina o torcedor normal também. Vê a organizada xingando, criticando, vão xingar também".
RECONHECIMENTO
Questionado se merecia maior reconhecimento por parte da torcida celeste por ter atuado no processo de 'reconstrução' do Cruzeiro, Ronaldo tentou desconversar.
"Não quero buscar reconhecimento. A história está ai, os fatos. Fiz porque acreditei primeiro no potencial do Cruzeiro. Segundo porque foi uma bela oportunidade de negócio. Terceiro porque sabia que tinha potencial de fazer acontecer. Foi muito maneiro a experiência de ter feito o que a gente fez no Cruzeiro. Indiferente se a torcida reconhece ou não", afirmou.
E o Fenômeno afirmou ter conversado a respeito disso com Pedro Lourenço, novo gestor da SAF Cruzeiro. "Falei muito com o Pedrinho sobre isso. Para mudar as coisas precisam de medidas impopulares e muita gente vai ficar insatisfeito também".