Um título inesquecível para o torcedor do Cruzeiro. Assim pode ser descrita a conquista da Copa do Brasil 2000. Há exatos 25 anos, naquele 9 de julho, a Raposa saiu atrás do placar diante do São Paulo na final, mas, com apoio da Nação Azul, conseguiu a virada, com direito a lance épico que entrou para a história do clube.
O Cruzeiro, que já havia conquistado as edições de 1993 e 1996 do torneio, fazia campanha quase perfeita aquela Copa do Brasil. Mesmo vivendo período de certa 'turbulência'.
O time começou a temporada sob comando de Paulo Autuori, tendo eliminado Gama e Paraná nas duas primeiras fases da competição. Mas o treinador acabou não resistindo a pressão após amargar os vices-campeonatos da Copa Sul Minas (para o América) e do Mineiro (para o arquirrival Atlético).
Escolhido para assumir a equipe, Marco Aurélio manteve a equipe invicta, eliminando os adversários que surgiam no caminho da Raposa: Caxias, Atlético-PR (nas oitavas), Botafogo (quartas) e Santos (semifinal).
Já na decisão, contra o São Paulo, as equipes ficaram no 0 a 0, no Morumbi, no duelo de ida. Na finalíssima, a Nação Azul lotou o Mineirão confiante em novo título, mesmo sabendo que do outro lado estava uma equipe com nomes de peso (Rogério Ceni, Belletti, Edmílson, Maldonado, Raí, França, Marcelinho Paraíba).
Mas o torcedor celeste não poderia imaginar o 'enredo' que seria escrito no decorrer da partida...
Após um primeiro tempo equilibrado, com chances de gols para ambas equipes, o São Paulo abriu o placar aos 20 do segundo tempo, com Marcelinho Paraíba.
Para aumentar a tensão nas arquibancadas, conforme o regulamento da época, o gol marcado fora de casa era critério de desempate. Assim, para ficar com o título, a Raposa tinha que necessariamente conseguir a virada no placar.
Foi o momento em que o técnico Marco Aurélio partiu para o tudo ou nada promovendo substituições na equipe. A primeira foi a entrada do experiente atacante Muller na vaga de Jackson.
Mas a 'ousadia' do treinador foi ainda maior pouco depois, ao retirar os dois laterais (Rodrigo e Sorín) para as entradas do colombiano Viveros e do atacante Fábio Júnior.
Menos de 12 minutos após entrar em campo, Fábio Júnior empatou, para delírio da torcida. Mas ainda faltava mais um gol para o título.
Com o Cruzeiro se lançando a frente, o São Paulo ainda teve duas chances seguidas, com Alexandre e Marcelinho, mas acabou desperdiçando.
O Cruzeiro não desistiu e, aos 41 minutos, o volante Axel, do São Paulo, tentou recuar, do meio-campo, uma bola para Rogério Pinheiro. Atento, Geovanni foi muito mais rápido que o defensor e partiu em direção ao gol. O zagueiro do Tricolor não teve outra opção a não ser agarrá-lo e acabou expulso.
Após a confusão causada pela expulsão, ocorreu o lance épico. Já aos 45 minutos, quando Geovanni se preparava para bater a falta, Muller chegou no ouvido do prata da casa para dar uma 'dica'. Na cobrança, Geovanni bateu rasteiro, surpreendendo o goleiro Rogério Ceni. Gol e Mineirão em êxtase.
Mas, até os minutos finais, ainda haveria ao menos mais um momento de tensão, quando o adversário quase aproveitou um momento de desatenção da Raposa para empatar. André conseguiu tocar na bola, dando o tempo necessário para o zagueiro Cléber chegar a tempo e tirar o perigo da área.
Ao apito final do árbitro Carlos Eugênio Simon, o Mineirão foi à loucura. O Cruzeiro era tricampeão da Copa do Brasil.
FICHA TÉCNICA DA FINAL
Cruzeiro 2x1 São Paulo
Cruzeiro
André; Rodrigo (Fábio Júnior), Cris, Cléber Monteiro e Sorín (Viveros); Donizete Oliveira, Marcos Paulo, Ricardinho e Jackson (Muller); Geovanni e Oséas. Técnico: Marco Aurélio
São Paulo
Rogério Ceni; Belletti, Edmílson, Rogério Pinheiro e Fábio Aurélio; Alexandre (Axel), Maldonado, Edu (Fabinho) e Raí; Marcelinho Paraíba e França (Carlos Miguel). Técnico: Levir Culpi
Motivo: Jogo de volta final da Copa do Brasil 2000
Local: Mineirão, em Belo Horizonte
Data: 9 de julho de 2000
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS)
Auxiliares: José Carlos Oliveira e Marcos Ibanez (RS)
Gols: Marcelinho Paraíba (SP), Fábio Júnior e Geovanni (C)
Cartões amarelos: Cléber Monteiro , Sorín, Oséas (C); Belletti, Maldonado e Raí (SP)
Cartão vermelho: Rogério Pinheiro (SP)
Público: 85.841 pagantes
CAMPANHA DO TÍTULO
13 jogos: 8 vitórias e 5 empates
74,35% de aproveitamento
29 gols marcados, 12 gols sofridos
1ª fase:
Gama 1x1 Cruzeiro
Cruzeiro 4x1 Gama
2ª fase:
Paraná 0x2 Cruzeiro
3ª fase:
Caxias 1x3 Cruzeiro
Cruzeiro 6x1 Caxias
Oitavas
Cruzeiro 2x1 Atlético-PR
Atlético-PR 2x2 Cruzeiro
Quartas
Cruzeiro 3x2 Botafogo
Botafogo 0x0 Cruzeiro
Semifinal
Cruzeiro 2x0 Santos
Santos 2x2 Cruzeiro
Final
São Paulo 0x0 Cruzeiro
Cruzeiro 2x1 São Paulo