O imbróglio envolvendo a venda de 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro a Ronaldo Nazário ainda se arrasta por estes dias.  Após o Super.FC mostrar que diversos conselheiros não veem com bons olhos as demandas do investidor, apuramos que há uma ala do clube que apoia-o, assim como o presidente Sérgio Santos Rodrigues.

Vitório Galinari, conselheiro nato da associação (veja nota abaixo), afirmou que muitos colegas (sem dar a quantidade) são a favor dessa venda, pois ela é o melhor caminho para a Raposa neste momento. "Na primeira eleição, fomos pressionados a aprovar, mas era a melhor opção mesmo mesmo. Muitos tinham uma certa rejeição, mas eu coloquei para eles que era muito bom, e ainda acho. R$ 400 milhões mais a dívida, para mim, é um negócio da China (vantajoso)", disse.

Apuramos que há, realmente, membros a favor das exigências de Ronaldo para continuar no projeto – 90% dos mais de 240 conselheiros precisam aprovar mudanças –, mas ainda há um sentimento de falta de clareza sobre o negócio.

Ex-presidente da Sede Campestre do Cruzeiro e ex-aliado de Wagner Pires de Sá, expulso do Conselho Deliberativo, Galinari acredita que transferir patrimônios para o ex-jogador é uma forma de proteger o próprio clube. Ronaldo deseja administrar as Tocas da Raposa I e II para evitar penhora por conta de dívidas tributárias.

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Segundo ele, a Mesa Diretora deu a entender que Nazário quer se beneficiar tentando prejudicar o Cruzeiro, o que seria um erro de interpretação. De qualquer forma, para Galinari, para todos ficarem bem, o futebol precisa estar bem, e é o que Ronaldo está conseguindo fazer.

"A Mesa Diretora emitiu uma carta como se o Ronaldo estivesse tentando passar a perna no Cruzeiro. Quem tem interesse no Cruzeiro social, tem que ter o futebol forte. Uma coisa completa a outra. Então, eu sou totalmente a favor de colocar o patrimônio à disposição da SAF", concluiu.

Entenda

Quando Cruzeiro e Ronaldo anunciaram a transferência de 90% da SAF, em 18 de dezembro do ano passado, na verdade, ele assinou a intenção de aquisição, no valor de R$ 400 milhões, a serem investidos nos próximos anos.

Com o acordo, ele teria 120 dias para ter acesso a tudo do clube e fazer um "pente fino" na documentação e finanças. Até o encerramento desse prazo, em 17/04, ele pode fazer a compra definitiva.

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No início desta semana, o craque pediu que fossem incluídas no acordo as Tocas da Raposa I e II, já que, se elas continuarem com a associação (dona dos outros 10%), há risco de perdê-las, caso dívidas tributárias não forem pagas. Além disso, ele pediu que a instituição entre com um pedido de recuperação judicial.

Conselheiros não viram bem a situação. Em carta, Mesa Diretora afirma que negócio não seria bom para o clube e critica "obscuridade" no acordo. Ronaldo, por sua vez, diz que Conselho distorceu toda a situação.

Nota

Após a divulgação da matéria, a Mesa Diretora entrou em contato com a reportagem para informar e comprovar que Vitório Galinari perdeu o seu mandato por falta de pagamento de taxa – o mesmo confirmou, posteriormente, a decisão. Com isso, ele não tem mais direito a voto.