Maior vencedor da Copa do Brasil, com seis títulos (1993, 1996, 2000, 2003, 2017 e 2018), o Cruzeiro conhece como poucos como funciona a competição. E sabe como ela pode ser traiçoeira, e já a partir da estreia. O histórico mostra que, mesmo muitas vezes diante de adversários teoricamente bem menos qualificados, o time celeste passou por algumas dificuldades. Então, todo o cuidado é pouco.
Até aqui, o Cruzeiro participou de 25 das 33 edições da Copa do Brasil. De 2001 a 2012, os clubes que disputavam a Libertadores não entravam na competição nacional, por ‘falta de datas’. Em função disso, a Raposa não pode marcar presença no torneio em 2001, 2004, 2008, 2009, 2010 e 2011.
Em suas 25 estreias, o Cruzeiro teve 12 vitórias, 12 empates e apenas uma derrota. Marcou 54 gols e sofreu 22. Na 'frieza dos números’, os 64% de aproveitamento não seriam lá motivo de grande preocupação, mas, na prática, a história é bem diferente.
Desde que a competição passou a ser disputada, a Raposa teve de superar adversidades para poder construir sua vitoriosa história no torneio. Em suas primeiras quatro estreias, ficou no empate: 0 a 0 com o Botafogo da Paraíba em 1989 e com o Goiás em 1990, e 1 a 1 com ABC e Desportiva Ferroviária, do Espírito Santo, em 1991 e 1993, respectivamente. O primeiro triunfo em uma estreia só veio em 1995, com os 2 a 1 sobre o CSA, em Alagoas.
Além do fato de o primeiro jogo da competição ser disputado no início da temporada, quando a equipe não se encontra em seu ápice físico e técnico, muitas vezes as más condições dos gramados dos estádios adversários dificultavam ainda mais as coisas. Foi assim em 1996, no empate com o Juventus-AC, mas o Cruzeiro conseguiu avançar sem dificuldades no duelo da volta. Entretanto, o mesmo não aconteceu no ano seguinte, quando a Raposa ficou no 1 a 1 com o Santa Cruz, fora, e depois perdeu no Mineirão por 1 a 0, na primeira ‘zebra’ na caminhada celeste na competição.
Daí por diante, o Cruzeiro conseguiu, na maioria das vezes, fazer prevalecer seu maior poderio. Nas doze edições seguintes (veja quadro abaixo), foram oito vitórias nas estreias, inclusive com alguns ‘passeios’: 7 a 1 sobre o Amapá em 1998 (maior goleada celeste na competição), 4 a 1 sobre o Bandeirantes, do Distrito Federal, em 2002, 5 a 2 no Nacional de Manaus em 2006, 6 a 0 no Rio Branco do Acre em 2012; 3 a 0 sobre o CSA em 2013 e 5 a 0 sobre o Santa Rita em 2015.
Mas, mesmo neste período, houve exceções, inclusive contra o adversário desta quarta (23)... Em 1999 o Cruzeiro suou para superar o Caxias (3 a 2), ficou no 1 a 1 com o Gama em 2000 e, em 2005, bateu o Sergipe por apenas 1 a 0, gol do zagueiro Batatais. Para não deixar dúvidas, depois atropelou no duelo de volta, fazendo 7 a 0 no Mineirão.
Na fase mais recente da Copa do Brasil, mesmo com novidades no regulamento, o Cruzeiro não teve facilidade em suas estreias. Nas últimas sete edições em que participou, venceu duas, empatou quatro e perdeu uma. Mas é preciso ressaltar que nas edições de 2015 (derrota para o Palmeiras), 2018 (vitória sobre o Atlhético-PR) e 2019 (empate com o Fluminense), por disputar também a Libertadores, o clube já entrou em fases mais avançadas, pegando adversários bem mais qualificados.
Mas, mesmo quando teve adversários menos ‘expressivos’, o time celeste também sofreu um pouco. Ficou no 0 a 0 com o Campinense, da Paraíba, em 2016, venceu o Volta Redonda por 2 a 1 em 2017 e, nas duas últimas edições, não conseguiu bater o modesto São Raimundo, de Roraima: 2 a 2 em 2020 e 1 a 1 no ano passado.
Tudo bem que, de acordo com o atual regulamento da competição, o time visitante entra em campo podendo jogar com a vantagem do empate. Mas nem por isso pode dar mole pro azar. Como diz aquele surrado jargão, ‘não há mais bobo no futebol’.
As estreias celestes
12 vitórias, 12 empates, 1 derrota. 54 gols marcados, 22 gols sofridos
1989: 0x0 Botafogo-PB (em casa)*
1990: 0x0 Goiás (em casa)*
1991: 1x1 ABC
1993: 1x1 Desportiva Ferroviária
1995: 2x1 CSA
1996: 1x1 Juventus-AC
1997: 1x1 Santa Cruz
1998: 7x1 Amapá
1999: 3x2 Caxias
2000: 1x1 Gama
2002: 4x1 Bandeirante-DF
2003: 4x2 Rio Branco-ES
2005: 1x0 Sergipe
2006: 5x2 Nacional-AM
2007: 0x0 Veranópolis
2012: 6x0 Rio Branco-AC
2013: 3x0 CSA
2014: 5x0 Santa Rita (em casa)*
2015: 1x2 Palmeiras
2016: 0x0 Campinense
2017: 2x1 Volta Redonda
2018: 2x1 Atlético-PR
2019: 1x1 Fluminense
2020: 2x2 São Raimundo-RR
2021: 1x1 São Raimundo-RR
*Todas as demais partidas disputadas como visitante