"O pai de uma criatura insaciável". Essa é a melhor definição de Marcelo Gallardo, 43 anos, o treinador mais vitorioso da história do River Plate. Em cinco anos, o time soma 10 títulos, sete deles internacionais, e arranca elogios por um futebol que encanta não só o continente, mas todo o planeta. Ele poderia muito bem estar em qualquer lugar que desejasse. Da seleção argentina a um clube europeu. Mas a mentalidade estabelecida por Gallardo no River Plate é insuperável. O rival que se apresenta ao Cruzeiro na noite de hoje em Buenos Aires. Ter Mano Menezes do outro lado dessa disputa apenas engrandece o choque. Um homem, à seu modo, "duro de matar". O estilo conservador de jogo do gaúcho, de 57 anos, pode levar o torcedor do Cruzeiro aos apuros. Mas não há como negar as glórias. Vencer duas Copas do Brasil em sequência está aí para provar. Vinte e cinco disputas de mata-mata vencidas em 30 realizadas.
Obviamente há uma disparidade técnica entre a mentalidade dos dois maestros que estarão hoje frente a frente no Monumental de Núñez. Mas a mentalidade veroz pelo embate direto, os cruzamentos eliminatórios, sustentam River e Cruzeiro em sua jornada.
Para Mano ainda falta a Libertadores, torneio que o grito de campeão lhe ficou preso na garganta em 2007, quando o Grêmio foi superado por um argentino, o Boca Juniors. Desde então, a luta do técnico, que já foi o principal do país ao comandar a seleção brasileira, permanece. Para "Muñeco" Gallardo, o Cruzeiro significou muito em sua trajetória no River. Em 2015, a equipe Millonaria esteve por um fio de pular fora da Copa Libertadores, quando a Raposa sob a batuta de Marcelo Oliveira veio ao Monumental e venceu por 1 a 0, no jogo de ida das quartas de final, gol de Marquinhos.
No Mineirão, todas as fichas apontavam para o Cruzeiro. Mas Gallardo ali cravou um antes e depois que forjou o River. Um 3 a 0 que deixou o Mineirão atônito e foi essencial para o título da Copa Libertadores, o primeiro de Gallardo no comando Millonario.
"Sabemos que o treinador dele está há bastante tempo no comando, tem o grupo na mão, mas o Mano também conhece muito bem o nosso grupo, sabe de onde podemos tirar proveito nesse jogo", pontuou o atacante Pedro Rocha.
Quiseram os deuses do futebol que o Monumental vivesse nessa noite a disputa entre os dois técnicos mais longevos da Copa Libertadores atual, cada um com sua peculiaridade e vivência dentro do futebol. Os 180 minutos, a partir de agora, trarão à tona a luta entre a eficiência e o ser vistoso. Ganha o futebol com tamanho embate.