A relação entre Ronaldo e alguns dos principais conselheiros do Cruzeiro segue cada vez mais em rota de colisão. Na manhã desta quinta-feira (17), através de sua assessoria, o Fenômeno divulgou uma 'carta ao torcedor' fazendo duras críticas à nota emitida no dia anterior pela Mesa Diretora do Conselho.  De acordo com Ronaldo, além de vazar dados confidenciais da proposta de compra de 90% das ações da SAF, ela "distorce a realidade".

Ronaldo começou sua carta à torcida, explicitando todos os conselheiros que assinaram a nota:  Nagib Simões, Mauricio Silva, Marcus Lambertucci, Evandro Vassali, Alvimar Perrella, Bruno Lourenço, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Aquiles Diniz, Alexandre Azevedo, Pedro Lourenço e Régis Campos. Na sequência, apresentou seus argumentos para rebater as críticas recebidas, principalmente referente a dois temas: o valor do investimento e a possível utilização das Tocas I e II como uma espécie de 'garantia' para a assinatura do acordo.. 

"O valor de investimento previsto na proposta de aquisição define um aporte inicial de R$50 milhões, além de um compromisso de investimento de mais R$350 milhões que pode ser feito através de incremento de receitas ou de aporte direto. Vale ressaltar que a opção de incremento de receita favorece diretamente a associação, uma vez que a lei das SAF obriga o repasse de 20% das receitas para quitação da dívida bilionária acumulada por anos de má gestão - fato esse que pode gerar mais R$70 milhões em receitas para a quitação da dívida e que parece ser ignorado pelos responsáveis pela Nota", destacou Ronaldo.

Sobre os Centros de Treinamento do clube, o Fenômeno também foi bem direto, destacando que a realidade encontrada por ele no clube era bem diferente daquela que lhe foi passada antes de assinar o acordo: "Vale ressaltar também que o pedido de inclusão das Tocas I e II na transação é simplesmente para proteção de patrimônio do Cruzeiro diante de uma realidade que se revelou significativamente mais grave do que aquela indicada nas informações inicialmente disponibilizadas e que foram utilizadas para a elaboração da proposta apresentada ao Cruzeiro".

Ronaldo destaca ainda que caso a proposta não seja aceita pelo Conselho, o Cruzeiro corre é o risco de perder seus dois Centros de Treinamento, além de outros patrimônios. "Hoje a Toca I, a sede do Barro Preto e parte de todas as receitas do futebol estão comprometidas em razão de dívidas tributárias de aproximadamente R$400 milhões, as quais não estavam previstas na negociação inicial. No curto prazo os imóveis podem ser leiloados e as receitas apropriadas por falta de pagamento. A SAF se coloca como facilitadora não apenas para encontrar os meios de pagamento dessa dívida, como também para recolocar o futebol do Cruzeiro no seu lugar de protagonista. Em contrapartida, o controle das Tocas pela SAF garante que o patrimônio do futebol não seja colocado mais uma vez em risco".

Ao final, Ronaldo ainda criticou a atitude da Mesa Diretora do Conselho em divulgar a nota com dados confidenciais do acordo e alertou que o clube precisa de estabilidade para continuar em seu processo de 'reconstrução'.

"Acreditamos em trabalho silencioso, sem dar publicidade a pontos contratuais em respeito às cláusulas de confidencialidade que devem ser cumpridas. O Cruzeiro precisa de estabilidade para seguir o caminho da reconstrução. O Conselho do clube é soberano e acreditamos que o julgamento dos pleitos será feito de maneira coerente levando em consideração o melhor para o Cruzeiro. #FechadoComOCruzeiro", finalizou.

Quando assinou a intenção de compra de 90% das ações da SAF Cruzeiro, Ronaldo e sua equipe estipularam um prazo de 120 dias para o processo de 'transição'. Este prazo termina no dia 18 de abril. Até lá, Ronaldo tem que definir se efetivamente fará a compra, mas ainda pode desistir da negociação.