O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) definiu que o Cruzeiro vai jogar o restante do Campeonato Brasileiro com portões fechados, como mandante, e que não terá torcida nas partidas como visitante. Decisão foi tomada em caráter liminar até o julgamento, que não tem data marcada. A punição foi a mesma dada ao Coritiba depois dos incidentes na Vila Capanema, no último sábado (11), quando torcedores dos dois clubes brigaram no gramado do estádio da capital paranaense.
Com essa decisão, o Cruzeiro, até o momento, não poderá contar com sua torcida nos jogos que terá como mandante, que serão contra Vasco (22/11), Athletico-PR (30/11) e Palmeiras, em data a ser definida (originalmente marcado para o dia 6/12). Fora de casa, o time estrelado enfrenta Fortaleza, Goiás e Botafogo.
O STJD também fez o pedido de afastamento imediato das torcidas organizadas Máfia Azul e Pavilhão Independente, do Cruzeiro, e de duas torcidas do Coritiba: a Império Alviverde e a Mancha Alviverde. Além disso, também foi pedida a vistoria do estádio Durival Britto e Silva, a Vila Capanema. Vale lembrar que o Coritiba não joga no local como mandante, mas, sim, no Couto Pereira, que estava recebendo um show no mesmo dia do jogo entre o Coxa e o Cruzeiro.
Cobranças e ameaças
A Máfia Azul, citada na decisão do STJD, emitiu um comunicado ameaçador nas redes sociais na última terça-feira (14), exatamente durante a coletiva de apresentação do técnico interino Paulo Autuori. Segundo a diretoria da torcida, episódios como o do final de semana passado, quando integrantes invadiram o campo de jogo para agredir jogadores e acabaram brigando com torcedores adversários, podem não ter acabado.
"O que aconteceu no último jogo em Curitiba foi a explosão de indignação que vem se acumulando ao longo do tempo. E não pensem que acabou, o que acabou foi a paciência e a paz. Vocês não vão ter paz. Suas atitudes e decisões pediram o inferno, e é isso que vão ter", diz.
O principal alvo é Ronaldo Fenômeno e outros integrantes da SAF celeste. "O ego de Ronaldo e seus amigos é tão grande que a única vez que a torcida teve um diálogo sobre festa nas arquibancadas foi quando houve uma homenagem a ele com um mosaico, ideia que não partiu da torcida, e sim, do clube. O Ronaldo fez uma homenagem a si e a torcida foi uma ferramenta de execução", falou.
Na quinta-feira da semana passada (9/11), integrantes da Máfia Azul foram até a porta da Toca da Raposa II para ameaçar os jogadores caso o time não começasse a vencer jogos. "Vamos cobrar na porta de casa, na saída do filho, na escola, no passeio no shopping ou restaurante, a cada um que em campo não honrar as cores", postou nas redes sociais.
Posição do Cruzeiro
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Cruzeiro informou que não irá se posicionar publicamente a respeito de ameaças dessa natureza. Porém, após o duelo diante do Coxa, o CEO, Gabriel Lima, fez críticas a essas pessoas que incitam a violência.
“Até quando marginais travestidos de torcedores vão estragar o futebol brasileiro? Até quando vamos ser xingados, humilhados e ameaçados – os jogadores e nossas famílias? Até quando vamos permitir isso? Isso só vai mudar quando eles forem punidos de verdade”, comentou.
Banimento
Devido a atos desse tipo, que não são de hoje, a Máfia Azul está banida dos estádios até 2024. Na prática, seus membros continuam frequentando os estádios, porém, não podem expor bandeiras, camisas e outros acessórios que fazem alusão ao grupo.
Agora, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) enviou um pedido à Federação Mineira de Futebol (FMF) solicitando um banimento de mais dois anos à Máfia Azul. Outra recomendação foi a solicitação ao Cruzeiro para avaliação da possibilidade de expulsão do quadro associativo do clube dos invasores no Durival Britto.
Posicionamento da Polícia Militar
A reportagem de O Tempo Sports solicitou um posicionamento à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e à Polícia Militar quanto ao monitoramento da situação. De acordo com a Polícia Militar, a instituição está atenta e tem se reunido com o Ministério Público de Minas Gerais e demais órgãos de segurança envolvidos para que as providências administrativas e penais sejam adotadas em desfavor daqueles que infringem as normas relacionadas à Lei Geral do Esporte e demais legislações criminais. "A PMMG informa, ainda, que a instituição, por meio do serviço de inteligência, apoia o trabalho de identificação dos autores de ameaças contra jogadores, dirigentes e torcedores, para que sejam responsabilizados por suas ações", diz a nota emitida pela Polícia Militar. A reportagem aguarda o retorno da Polícia Civil.