“Recuperar e se reinventar”. Para o técnico Zé Ricardo, esse é caminho da equipe do Cruzeiro após ter o aspecto psicológico duramente abalado na derrota para o Coritiba, por 1 a 0, neste sábado (11), na capital paranaense. Além da situação do time na tabela de classificação faltando seis rodadas, na zona de rebaixamento, a briga entre torcedores trouxe uma pressão extra sobre os jogadores.

“Vamos tentar reeguer. A competição está aberta e precisamos mostrar evolução para conseguir as vitórias”, registra o treinador, que amargou a sua terceira derrota seguida – havia perdido para São Paulo e Internacional nas rodadas anteriores. Ele concorda que o nível de futebol mostrado pelo time celeste no Durival de Britto foi muito aquém, especialmente no primeiro tempo.

“Apesar das derrotas, contra o São Paulo conseguimos jogar bem. E diante do Inter, embora a perda de controle (da partida), tivemos três bolas na trave”, analisa Zé Ricardo, que botou na conta do nervosismo o baixo rendimento do Cruzeiro em campo. “Foi um jogo de um nervosismo muito grande. A tensão estava explícita nas duas equipes, por mais que tenhamos tentado tirar um pouco dessa ansiedade”.

Depois de um primeiro tempo tecnicamente abaixo do esperado, ele avalia que a etapa final foi melhor. “Reposicionamos a saída de bola, chegamos no ataque e tivemos algumas oportunidades, como a bola no travessão, uma chegada forte do Matheus Pereira, próximo de fazer (o gol), e depois o gol anulado. Sabíamos que o final seria tenso. Aí, numa bola parada, sofremos o gol”, analisa.

Ele discorda que não esteja buscando outras formas de o Cruzeiro atuar. “Não estamos fazendo a mesma coisa. Hoje a formatação em campo foi diferente, com Bruno Rodrigues mais à vontade, atendendo um clamor da torcida, já que ele gosta de atuar mais de lado, e com isso tivemos a volta do Papagaio... O Nikão foi o quarto homem do meio-campo, para ter mais controle do jogo”, salienta.

Zé Ricardo diz acreditar “muito no trabalho, no grupo de atletas, com jogadores muito compromissados” em buscar sair dessa situação. “Tenho certeza que vamos dar a volta por cima”, anseia o treinador, que, a respeito da confusão provocada pela torcida, enxergou uma falência gradual da sociedade brasileira.

Ele afirma que gostaria de ver toda indignação não dirigida apenas ao futebol, mas também a outros aspectos da sociedade, especialmente em relação à corrupção. “(O que vimos) Nada tem a ver com futebol. Não sei onde isso vai dar, ou acho que sei onde vai dar, só amadurecendo para que algo ocorra. Vamos vivendo do jeito que dá e pedindo proteção a Deus”, lamenta o treinador.