Os paraquedistas mineiros Rogério Menezes e Daniel Lopez fizeram parte de uma relevante façanha neste mês. Eles integram o grupo que bateu o recorde mundial de salto em formação vertical com 174 pessoas em queda livre. O feito foi realizado em 22 de agosto, em Chicago, nos Estados Unidos. O recorde anterior, com 164 atletas, havia sido batido em 2015.

Confira as imagens:

Nascidos em Belo Horizonte e radicados em Boituva, no interior de São Paulo, os mineiros estão entre os 15 brasileiros que integram o The Vertical Elite - grupo internacional que conta com 200 atletas. Para o recorde, todos deveriam estar em queda livre, de cabeça para baixo, modalidade conhecida tecnicamente como “Head Down” formando uma figura sincronizada no céu. 

As atividades do evento começaram no dia 16 de agosto, com saltos de aquecimento em grupos menores, com 40 atletas cada. Já os saltos com 200 paraquedistas ocorreram na segunda-feira (18). Porém, ainda sem valer o recorde. 

Os saltos oficiais estavam previstos para ocorrer a partir de terça-feira (19). Porém, devido ao mau tempo, só começaram na quinta-feira (21). Por conta desses fatores, o grupo realizou menos saltos do que o previsto e quebrou o recorde na quarta tentativa, sem a formação completa do grupo. Os mineiros ficaram de fora do salto oficial registrado para o recorde.

Apesar de não ter participado do salto oficial, Rogério destaca a felicidade de fazer parte do grupo que conseguiu bater o recorde após uma década. “É a realização de um sonho, todo atleta paraquedista sonha em estar num evento como este. É um grande orgulho levar o nome do Brasil para um evento desta importância”, comemora.

Rogério relata que o grupo chegou a construir uma formação de 187 paraquedistas. "Porém, esse salto não foi homologado como recorde oficial, uma vez que haviam 188 atletas e um deles não conseguiu se conectar à formação", diz. 

Os atletas contaram com apoio de oxigênio nas aeronaves, a 19.500 pés de altura. Saltos comuns de paraquedas são realizados a 12 mil pés de altura. 

Salto extremamente complexo

Rogério explica que existe uma engenharia por trás desse tipo de salto para que tudo funcione com precisão. São nove aviões lançando paraquedistas simultaneamente, o que torna indispensável que o posicionamento e o tempo de saída de cada um seja executado conforme o briefing. 

“Além disso, no momento da aproximação, cada atleta precisa manter a disciplina de respeitar a ordem de chegada, garantindo fluidez e evitando qualquer congestionamento”, afirma. 

Ele também aponta que todos os selecionados já possuem excelência técnica, mas o grande desafio está em lidar com o estresse mental diante das tentativas e erros ao longo do processo. 

“A preparação física exerce um papel importante, pois ajuda o corpo a suportar melhor o desgaste e a fadiga dessa verdadeira ‘maratona de saltos’. Outro ponto importante é que os saltos são realizados em altitudes muito elevadas, o que intensifica ainda mais o esforço físico”, compartilha. 

Trajetória vitoriosa 

Vice-campeão brasileiro na modalidade Freefly (que inclui acrobacias e movimentos no ar com movimento do corpo), Rogério atua também como organizador de eventos no Brasil. Desde 2023, foi parte da organização de eventos que realizam vários recordes em formações verticais, recordes brasileiros e sul-americanos, em destaque para o ultimo recorde sul-americano da modalidade Head Down homologado com 54 atletas.

Ele também é proprietário das escolas Paraquedismo Boituva e Go Fly Paraquedismo, sendo considerada uma das maiores escolas de paraquedismo da América Latina. Rogério começou no paraquedismo como turista em 2019 e, em poucos meses, já estava em alto rendimento e organizando eventos. 

“Ao longo de toda a minha vida fui atleta de alto rendimento em diferentes esportes. Quando conheci o paraquedismo não foi diferente: mergulhei de cabeça, dedicando-me com intensidade e treinamentos constantes. Treinei com atletas que são referências mundiais, viajei para treinar em eventos, demandou bastante investimento”, recorda. 

Ele também ressalta que o paraquedismo vai muito além da performance. “A adrenalina intensa desse esporte cria conexões e ajuda a construir grandes amizades. Quem vive a rotina do esporte acaba colecionando histórias inesquecíveis ao longo da jornada. Isso me motiva tanto quanto a cada conquista”, garante. 

Para quem sonha em se tornar paraquedista profissional, ele aconselha a procurar o curso AFF (Accelerated Free Fall), que é o curso que introduz novos paraquedistas no esporte. “Após entrar no mundo do paraquedismo, o atleta vai entender sobre todas as vertentes e possibilidades dentro do esporte. O paraquedismo é um esporte com muitas possibilidades para todos os perfis, idades e biotipos físicos”, diz.