O lateral-direito Nino Paraíba, de 39 anos, está apto a retornar ao futebol profissional após cumprir 720 dias de suspensão por envolvimento em esquema de manipulação de resultados por apostas. A punição, determinada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), incluiu também uma multa de R$ 100 mil. O jogador foi condenado por aceitar dinheiro para forçar cartões amarelos em três partidas disputadas pelo Ceará, em 2022.

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Durante o período de inatividade, Nino jogou no futebol amador em Rio Tinto, na Paraíba, e ajudou a esposa em um negócio de doces.

- Minha esposa faz uns doces e quando era para entregar, eu que ia lá entregar. Ela vende tortas de chocolate, de morango... Então eu fazia as entregas, era eu e meu cunhado - contou ao "Ge".

O jogador, que havia sido inicialmente punido com 480 dias e multa de R$ 40 mil, teve a pena aumentada após julgamento no Pleno do STJD. Ele teve seu contrato rescindido com o Paysandu logo após a suspensão, tendo disputado apenas uma partida pelo clube paraense.

Réu confesso na Operação Penalidade Máxima, que investiga esquemas de manipulação no futebol brasileiro, Nino admite que teve “um momento de fraqueza” ao aceitar participar da fraude. Segundo ele, o envolvimento com apostas não teria mudado sua vida, e hoje busca retomar sua trajetória nos gramados. Agora livre para atuar, Nino aguarda uma oportunidade para recomeçar a carreira.

- Eu errei, mas eu não quero mais cometer esse erro - afirmou o lateral.

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Outras respostas de Nino Paraíba ao "Ge"

Voltando a 2023, o que aconteceu para você entrar no esquema de manipulação?

– Eu digo que foi um momento um pouco de fraqueza para eu aceitar isso. Todo mundo com quem trabalhei, comissão e diretoria dos clubes em que passei, todos me conhecem e sabem da minha índole. Foi um momento de fraqueza em que eu caí, todos somos falhos, todos erramos. Peço desculpas a todos os torcedores do Ceará, que foi onde aconteceu, em nenhum momento pensei em prejudicar o Ceará. O mais prejudicado foi eu, ficando dois anos fora. Nunca tentei prejudicar a equipe ou os meus companheiros, sempre dei meu melhor nos clubes pelos quais passei, vesti a camisa com honra.

Você ganhava quanto no Ceará?

– R$ 130 mil (por mês).

Quase o dobro. Então esse dinheiro de apostas (R$ 70 mil) não ia mudar sua vida naquele momento, né?

– Não ia mudar a minha vida.

Acredita que sua punição tenha sido justa? Ou foi muito pesada?

– Eu não preciso mais falar se foi justa ou não. Agora já passaram os dois anos. Estou feliz, espero voltar a jogar, que é o que mais amo fazer, isso que importa agora.

O que mais fazia?

– Minha rotina foi levar meus filhos na escola, no futebol, minhas filhas no vôlei, na ginástica. Quando vinha para Rio Tinto, no final de semana a minha esposa faz uns doces e quando era para entregar, eu ia. Ela vende tortas de chocolate, de morango... Eu fazia as entregas, era eu e meu cunhado.

Você teve dias muito difíceis? Era ruim ver seus ex-companheiros em ação?

– Sim, teve dias muito difíceis por não estar jogando, vendo meus companheiros jogando. Era complicado. Fiquei muito feliz que o Ceará foi campeão da Copa Nordeste, eu saí num ano e eles foram campeões logo depois, tinha vários companheiros. Mas me deixou triste por não atuar.

O que você diria a um jovem jogador que foi abordado para fazer o mesmo que você fez?

– Diria que não entre nessa, procure algum amigo, seu pai, seu empresário, converse antes de entrar. Depois que você entra, é complicado. Isso é o que falo: peça ajuda. Se alguém entrar em contato, converse com seu empresário, com sua esposa. Peça ajuda! Eu errei, foi um erro, mas eu não quero mais cometer esse erro.

Se o Nino Paraíba for contratado por um time, o que o torcedor pode esperar?

– O que clube que me contratar não vai mais ouvir que Nino entrou em esquema de aposta, coisas neste sentido, não. Onde trabalhei sempre fui honesto. Tive essa falha lá no Ceará, mas que não vai se repetir mais.

Nino Paraíba foi punido por envolvimento com apostas esportivas
Nino Paraíba foi punido por envolvimento com apostas esportivas (Foto: Jorge Luís Totti/Paysandu)