Um projeto de lei protocolado na Câmara Municipal de Belo Horizonte pode impactar patrocínios de clubes esportivos e também de campeonatos. A iniciativa visa proibir a publicidade e propaganda de casas de apostas esportivas e plataformas de jogos de azar em qualquer lugar de Belo Horizonte, incluindo estádios de futebol e estabelecimentos privados.

O texto foi assinado pelos parlamentares Wagner Ferreira (PV), Edmar Branco (PC do B), Flávia Borja (DC), Iza Lourença (Psol), José Ferreira (Podemos), Juhlia Santos (Psol), Lucas Ganem (Podemos) e Luiza Dulci (PT). Pela proposta, seria proibido expor marcas de casas de apostas e plataformas de jogos de azar em qualquer local dentro da capital mineira. 

“Dentro de Belo Horizonte vai ficar proibida qualquer publicidade de casas de apostas on-line ou jogos de azar. Não são só as camisas, incluímos também painéis de led, stands, banners, totens, mesmo sendo em estabelecimento privado”, detalha o vereador Wagner Ferreira, em entrevista a O TEMPO Sports

Na prática, se o texto for transformado em lei, a CBF não poderia mais, por exemplo, exibir nenhum material com a logomarca ou o nome da Betano, patrocinadora máster do Campeonato Brasileiro, se o jogo for disputado em Belo Horizonte. 

Clubes esportivos também não poderiam mais exibir em nenhum material, inclusive camisas, as marcas das ‘bets’ em partidas realizadas na capital mineira, como fazem atualmente Atlético (H2 Bet), Cruzeiro (BetFair) e América (MC Games). A medida também atingiria o KTO Minas, equipe de basquete do Minas Tênis Clube, patrocinada pela KTO. 

A proposta prevê, ainda, um prazo de 90 dias a partir da sanção da lei para que clubes e federações se adequem às novas determinações. O projeto foi protocolado na última terça-feira (17) na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Wagner Ferreira afirma que, mais do que discutir os patrocínios em si, o projeto visa colaborar com a saúde pública.

“As pessoas deixam de comprar seu pão, pagar contas de água e de luz, por causa do vício. A inadimplência das pessoas está aumentando. O prejuízo para a cidade está sendo bem maior que o prejuízo que geraria para os clubes”, argumenta. 

Ainda não há previsão de quando o projeto será analisado em comissões da Câmara de BH, ou mesmo no plenário da casa. Wagner ressalta que sabe o impacto que isso pode causar aos clubes e às federações organizadoras de torneios. Por isso, frisa o parlamentar, a ideia é fazer diálogos com os envolvidos e impactados para chegar a um consenso. 

“Vamos fazer uma construção conjunta, não queremos impor nada. Queremos fazer um debate de alto nível, ouvir todos os setores da cidade, inclusive clubes, federações e a CBF, que promove os campeonatos e é a entidade máxima do futebol brasileiro. Se houver propostas interessantes de alternativas, vamos ouvir. Vamos convidar todos para o debate”, garantiu Wagner Ferreira.

O TEMPO Sports entrou em contato com Atlético, Cruzeiro e América e solicitou um posicionamento. A reportagem será atualizada em caso de resposta.