O técnico Juan Pablo Vojvoda passa a contar com o atacante Lautaro Díaz como opção para disputar posição com Tiquinho Soares no comando do ataque do Santos. Em baixa, o atual camisa 9 do Peixe apresenta características diferentes do novo reforço santista.
Além de apresentar características diferentes, Tiquinho Soares atravessa uma fase ruim. Ele marcou seu último gol em partidas oficiais na derrota para o São Paulo, em 20 de abril, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro, completando mais de quatro meses sem balançar as redes.
Antes de se transferir para o Santos, Lautaro Díaz também enfrentou uma temporada irregular no Cruzeiro. Entre lesões e a concorrência com outros atacantes, o argentino teve poucas oportunidades como titular e, na maior parte das partidas, entrou apenas nos minutos finais.
Nesse contexto, o LANCE! reuniu comentaristas e repórteres para responder: quais são as diferenças entre os 'dois camisas 9' do Santos no atual elenco? E, neste momento, quem sai em vantagem na disputa pela titularidade?
Características de Tiquinho x Lautaro
Lautaro pode ajudar o Santos em um esquema diferente do que vinha sendo usado com Tiquinho Soares, mas de forma semelhante ao que Deivid Washington fazia, ainda que sem tanto sucesso: com maior movimentação no comando ofensivo. No único jogo de Vojvoda à frente do Peixe, um jogador com mais mobilidade foi utilizado.
— Eu acho que tem muita diferença da característica dos dois. O Lautaro não é tão fixo na área. Ele se mexe mais, ele ataca mais o espaço entre o zagueiro e lateral, faz facão com mais frequência, ele tem mais velocidade para atacar o espaço. Só que ele ajuda menos os companheiros, dá menos assistências. Por outro lado, ele finaliza de qualquer canto. Ele não é de ficar enfeitando a jogada, não. Chegou, ele já bate paro o gol com uma velocidade bem centroavante mesmo — explica Eduardo Statuti, repórter do site 365Scores em Minas Gerais.
Segundo Gustavo Zupak, comentarista dos canais ESPN, Tiquinho se destaca por ser um centroavante clássico, mais efetivo em um esquema 4-3-3 com dois pontas, atuando como referência na área e com maior capacidade de definição. Já Lautaro Díaz é um atacante que se movimenta mais pelos lados, vem em diagonal e não desempenha o papel de referência, sem ter o gol como principal característica.
— O Tiquinho é mais um centroavante, um cara que funciona melhor jogando no 4-3-3, por exemplo, com dois pontas e ele como referência. É um cara que define melhor. E o Lautaro Díaz é um atacante que cai mais pelos lados, embora ele não seja um ponta, mas ele é um jogador que vem em diagonal, não é um cara de ficar de referência. E não é um atacante que tem o gol como principal característica, ele não é um goleador. Até funciona melhor jogando num 4-4-2, jogando como dupla de ataque. O Tiquinho é mais definidor, é um 9 mais legítimo — detalha o comentarista.
Para Zupak, Tiquinho sai em vantagem por ter características mais próximas do centroavante ideal para o esquema que o técnico Vojvoda costumava utilizar no Fortaleza, clube no qual fez sucesso no futebol brasileiro.
— Eu ainda acho que o Tiquinho sai em vantagem até pela maneira que o Vojvoda talvez entenda que deva montar esse time do Santos. Quando a gente olha para melhor Fortaleza que o Vojvoda montou, ele tinha um centroavante como Lucero. E o Tiquinho é mais Lucero do que o Lautaro Díaz. Eu não sei se o Vojvoda vai querer fazer o Santos igual ele fez o Fortaleza. Mas pensando em característica, ainda acho que o Tiquinho sai à frente, mas agora ele ganha uma concorrência um pouco maior. Se ele não tiver bem, tem o Lautaro para tentar roubar esse espaço — diz finaliza.

Passagem de Lautaro pelo Cruzeiro
Lautaro Díaz teve participação pelo Cruzeiro em 42 jogos, sendo titular em 20 deles, com uma média de 44 minutos em campo por partida. Ele marcou quatro gols, precisando de 465 minutos, em média, para participar de um tento, e distribuiu 19 passes decisivos, o que representa 0,4 por jogo.
Nas finalizações, Díaz arriscou 37 vezes, com 17 delas no gol, convertendo apenas 10% das grandes chances e precisando de 9,3 chutes para marcar. No jogo individual, apresentou 35% de eficiência nos dribles e 34% nos duelos, além de sofrer apenas 0,3 falta por partida.
Antes de se transferir para o Santos, Lautaro Díaz enfrentou uma temporada irregular no Cruzeiro. Entre lesões e a concorrência com outros atacantes, o argentino teve poucas oportunidades como titular e, na maior parte das partidas, entrou apenas nos minutos finais.
— É difícil avaliar o Lautaro pelo que apresentou no Cruzeiro. No ano passado, ele teve duas ou três contusões e não teve sequência no time titular. Este ano com as contratações para o ataque, foi pouco aproveitado, entrando só nos minutos finais. Mas acredito que possa dar certo no Santos se conseguir ter uma sequência de jogos e mostrar o mesmo bom futebol da época do Independiente — comenta Eugênio Moreira, setorista do Cruzeiro no LANCE!.
Nascido em Buenos Aires, Lautaro Díaz iniciou sua carreira pelo Estudiantes de Caseros e passou pelo Villa Dálmine, também em seu país natal, antes de chegar ao Independiente del Valle, do Equador, onde conquistou a Copa Sul-americana (2022), a Recopa Sul-americana (2023) e a Super Taça Equador (2023).
— Quando o Cruzeiro o contratou, outras equipes também tentaram contratá-lo, mas o desempenho dele foi muito abaixo. Se você analisar os dados de desempenho no Independiente del Valle e no Cruzeiro, são muito discrepantes. O desempenho foi abaixo do que se esperava por um jogador que chegou com aquela moral e, nesse ano, ele perdeu totalmente espaço porque foi chegando mais gente. O Gabigol era a maior contratação do ano e não está jogando porque o Kaio Jorge está fazendo gol direto e o Jardim conseguiu esquematizar o time com um centroavante só, que é muito mais móvel e com os dois pontos. Nem o Gabigol está jogando. Então acho que é uma junção do desempenho abaixo do esperado dele, muito pouco gol, muito pouco aproveitamento, não rendeu o que se esperava. E do outro lado, um jogador que está sendo um dos melhores do Brasil ou senão o melhor centroavante, atacante do Brasil hoje, que é o Kaio Jorge. Aí não tinha muito o que fazer. Mas eu acho que para o Santos traz uma alternativa a mais para esse time que tem um elenco mais curto — concluiu Eduardo Statuti.