A "fumaça branca" na Cidade do Galo trouxe um nome conhecido e uma promessa de revolução. O retorno de Jorge Sampaoli para o lugar de Cuca não foi só uma mudança de treinadores, mas representa a troca de uma filosofia inteira de jogo. 


Se o torcedor se acostumou com um time mais pragmático e reativo, agora a ordem é clara: preparar o coração para a intensidade máxima, posse de bola obsessiva e um time que promete "morder" o adversário por 90 minutos, pelo menos em teoria.


Mas o desafio do argentino em 2025 vai muito além da prancheta. Sua principal missão será recuperar o futebol de jogadores de peso, que custaram caro ao Galo e renderam pouco até aqui. 


Onde Sampaoli pode mexer de imediato?


Quem acompanha o trabalho de Sampaoli sabe: laterais são peças-chave. E é exatamente aí que poderemos ver a primeira grande mudança em relação ao time que Cuca vinha usando.

  • Sai Natanael, entra Saravia: Cuca prezava pela segurança defensiva de Natanael. Sampaoli, por outro lado, precisa de um motor no corredor direito. Renzo Saravia, que estava no banco, é a personificação do que o argentino busca: agressividade, fôlego de maratonista e apoio constante ao ataque. Será uma troca de mentalidade instantânea.


  • Ataque posicional e pressão alta: Pela filosofia de jogo de Sampaoli, o Galo deixará de esperar o adversário para atacá-lo. O atleticano pode esperar uma linha defensiva jogando mais perto do meio-campo, com os atacantes pressionando a saída de bola adversária sem descanso.


A missão de recuperar os "esquecidos"


O verdadeiro trunfo que Sampaoli tem nas mãos, e que Cuca não conseguiu explorar, está no banco de reservas. A capacidade do argentino de extrair o máximo de seus jogadores será posta à prova com dois casos:


Júnior Santos:
Como pode o artilheiro da Libertadores de 2024, com 17 gols pelo Botafogo, ter um desempenho tão tímido no Galo? A resposta pode estar no estilo de jogo.


O esquema mais posicional de Cuca não favoreceu o futebol de força e ataque aos espaços vazios no campo. Com Sampaoli, o cenário é outro.


Em um time que joga com a linha alta, a capacidade de Júnior Santos de pressionar e usar sua potência em roubadas de bola no campo de ataque pode ser útil no time do novo técnico do Galo. 


Bernard:
A volta do "Bambino de Ouro" em 2024 foi cercada de emoção por parte dos atleticanos, mas o futebol ainda não engrenou. Sampaoli adora jogadores técnicos e inteligentes, capazes de flutuar entre as linhas.


Sob a batuta de Sampaoli, Bernard pode não ser mais cobrado para ser um ponta de velocidade como em 2013, mas sim, um meia que parte do lado para o centro do campo, com liberdade para criar, se associar com Hulk, e usar sua visão de jogo apurada. 


O provável Galo de Sampaoli


Analisando as peças e a filosofia do treinador, o time titular do Atlético tende a ter uma cara bem diferente ao montado por Cuca. Em um 4-3-3 fluido, que se transforma em um agressivo 3-4-3 quando ataca, a escalação ideal escolhida por Sampaoli poderia passar ser:

  1. Goleiro: Éverson
  2. Defensores: Saravia, Lyanco, Junior Alonso, Guilherme Arana
  3. Meio-campistas: Alan Franco, Alexsander, Gustavo Scarpa
  4. Atacantes: Reinier (ou Bernard), Hulk, Cuello (ou Júnior Santos)


Nas mãos de Sampaoli, a tendência é que o Galo tenha um time com uma zaga mais móvel, um meio-campo mais técnico e com o ataque de múltiplas funções, onde Hulk não é um centroavante fixo, mas a referência que se movimenta para abrir espaço para a infiltração dos pontas.


Futuro de risco e alta recompensa


Apostar em Jorge Sampaoli é apostar em um futebol protagonista e de alto risco. Certo mesmo é que não haverá meio-termo. O time vai se expor, mas, em troca, tem potencial para ser uma força dominante no futebol brasileiro.


O elenco de 2025 é, no papel, mais técnico e mais versátil do que aquele que o argentino comandou em 2020. Não à toa, o argentino deixou claro porque preferiu escolher assumir o Galo agora em vez do Santos.


Se Sampaoli conseguir não apenas implementar suas ideias, mas também recuperar o moral e o futebol de peças valiosas que estavam encostadas, o torcedor do Galo tem todos os motivos para sonhar com um resto de temporada promissora, sobretudo para 2026.